Os contos de Algernon Blackwood
OS CONTOS DE ALGERNON BLACWOOD
Miguel Carqueija
Resenha da coletânea de contos “A casa do passado”, de Algernon Blacwood. Editora Record, Rio de Janeiro-RJ, 2001. Organização e tradução: Heloisa Seixas. Capa: Tita Negro sobre ilustrações de Mozart Couto. Ilustrações internas: Mozart Couto. Prefácio de Heloísa Seixas.
Este volume apresenta dez contos de terror e sobrenatural do autor inglês Algernon Blackwood (1869-1951). Infelizmente não apresenta os títulos originais, com excessão de “Os salgueiros” (The willows) mas só porque este título é mencionado no prefácio. E como não cita os títulos originais tampouco refere as datas olriginais de publicação, o que é uma pena.
O autor é de fato original e interessante, com um senso de fantástico muito pronunciado e que às vezes faz lembrar Lovecraft.
“O quarto ocupado” é conto de final-surpresa e pode ser considerado mais policial que de qualquer outro gênero.
“O caso Pikestaffe” é o clássico caso do hóspede misterioso e penetra, pela matemática, nos meandros da ficção científica.
“A boneca” é um terror mais clássico e daria um filme bem assustador, é história de maldição e deixa muitas incógnitas. Só não deu para entender muito a ida e vinda da governanta.
“Lobo andarilho” é quase uma fantasia, um conto fantástico inspirado nas lendas indígenas canadenses e, a meu ver, não é do gênero terror.
“A ala norte” é típico de casa misteriosa, com um bom clima e excelente narrativa, penetrando bem na psicologia infantil.
“As asas de Horus” mergulha nas lendas egípcias mas é bastante estapafúrdio. Parece-me o menos equilibrado.
“O homem que era Milligan” entra na suposta magia dos quadros, lembrando um pouco o filme “Sonhos”, de Akira Kurosawa.
“Cúmplice” é mais assustador ao falar de um homem que faz um desvio errado na estrada por onde caminha a pé e de repente se vê tão perdido quanto Alice no País das Maravilhas.
“A casa do passado” é uma vinheta surrealista e carregada de melancolia.
Finalmente “Os salgueiros”, conto meio longo, realmente é assustador como atesta Heloísa Seixas. O personagem-narrador e seu amigo conhecido apenas como “Sueco” navegam pelo Rio Danúbio e afinal vão parar numa região pantanosa atulhada de salgueiros, onde ficam retidos numa ilha temporária que vai aos poucos sendo destruída pela enchente. Com o rio cheio e um vendaval incessante os dois homens permanecem na ilha e vão aos poucos tomando consciência de terem entrado numa região onde o nosso mundo tangencia com outro, de outra dimensão, e onde existem horrores incompatíveis com a raça humana. É um conto de ambientação lovecraftiana e que marca a memória.
Rio de Janeiro, 21 de junho de 2017.
OS CONTOS DE ALGERNON BLACWOOD
Miguel Carqueija
Resenha da coletânea de contos “A casa do passado”, de Algernon Blacwood. Editora Record, Rio de Janeiro-RJ, 2001. Organização e tradução: Heloisa Seixas. Capa: Tita Negro sobre ilustrações de Mozart Couto. Ilustrações internas: Mozart Couto. Prefácio de Heloísa Seixas.
Este volume apresenta dez contos de terror e sobrenatural do autor inglês Algernon Blackwood (1869-1951). Infelizmente não apresenta os títulos originais, com excessão de “Os salgueiros” (The willows) mas só porque este título é mencionado no prefácio. E como não cita os títulos originais tampouco refere as datas olriginais de publicação, o que é uma pena.
O autor é de fato original e interessante, com um senso de fantástico muito pronunciado e que às vezes faz lembrar Lovecraft.
“O quarto ocupado” é conto de final-surpresa e pode ser considerado mais policial que de qualquer outro gênero.
“O caso Pikestaffe” é o clássico caso do hóspede misterioso e penetra, pela matemática, nos meandros da ficção científica.
“A boneca” é um terror mais clássico e daria um filme bem assustador, é história de maldição e deixa muitas incógnitas. Só não deu para entender muito a ida e vinda da governanta.
“Lobo andarilho” é quase uma fantasia, um conto fantástico inspirado nas lendas indígenas canadenses e, a meu ver, não é do gênero terror.
“A ala norte” é típico de casa misteriosa, com um bom clima e excelente narrativa, penetrando bem na psicologia infantil.
“As asas de Horus” mergulha nas lendas egípcias mas é bastante estapafúrdio. Parece-me o menos equilibrado.
“O homem que era Milligan” entra na suposta magia dos quadros, lembrando um pouco o filme “Sonhos”, de Akira Kurosawa.
“Cúmplice” é mais assustador ao falar de um homem que faz um desvio errado na estrada por onde caminha a pé e de repente se vê tão perdido quanto Alice no País das Maravilhas.
“A casa do passado” é uma vinheta surrealista e carregada de melancolia.
Finalmente “Os salgueiros”, conto meio longo, realmente é assustador como atesta Heloísa Seixas. O personagem-narrador e seu amigo conhecido apenas como “Sueco” navegam pelo Rio Danúbio e afinal vão parar numa região pantanosa atulhada de salgueiros, onde ficam retidos numa ilha temporária que vai aos poucos sendo destruída pela enchente. Com o rio cheio e um vendaval incessante os dois homens permanecem na ilha e vão aos poucos tomando consciência de terem entrado numa região onde o nosso mundo tangencia com outro, de outra dimensão, e onde existem horrores incompatíveis com a raça humana. É um conto de ambientação lovecraftiana e que marca a memória.
Rio de Janeiro, 21 de junho de 2017.