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Pode-se afirmar, com toda certeza, que a literatura se remete a diversos questionamentos e posições teóricas de acordo com o autor e o seu contexto em que vive, seja social, econômico, histórico, político, ideológico. A partir daí, argumenta-se sobre os diversos assuntos em voga com o objetivo de se discutir qual poderá apresentar um apego central ao público, tendo em vista que alguns escritores adentram a um olhar mais crítico a fim de se questionar algum valor de certo domínio.
Assim, foi deste modo que Umberto Eco conseguiu tornar seu romance Número Zero (Editora Record, 2015, 208 páginas)) um best-seller. O escritor italiano se tornou romancista tardiamente, aos 50 anos de idade, ao publicar o livro O nome da rosa em 1980, mesmo assim conseguiu tornar-se um exímio escritor desse gênero.
Umberto Eco sempre demonstra uma linguagem irônica e crítica, misturando erudição e um teor mais simples. Nada diferente com seu livro Número Zero, que aborda uma temática bem crítica sobre o mau jornalismo de sua época por não informar adequadamente o seu leitor. O enredo se passa em Milão, em 1992, e fala acerca de um grupo de redatores que não pretendem discutir eticamente determinados assuntos, mas chantagear seu editor por meio de histórias duvidosas. A escolha do ano de 1992 teve grande importância devido à ocorrência de certos episódios de corrupção, terminando na prisão de empresários e políticos poderosos na época.
Para isso, a história parte do ponto de vista de Colonna, um escritor malsucedido contratado para trabalhar no jornal Amanhã, cujo objetivo central é enfrentar alguns adversários políticos. Toda a obra aborda diversos cenários conhecidos mundialmente, mas aborda-os de forma irônica. Por exemplo Umberto demonstra um caso da loja maçônica P2, de um possível crime de assassinato do papa João Paulo I, de alguns serviços da Cia, e até um caso sobre um cadáver de um homem chamado Mussolini enviado à Argentina.
Antônio Cândido, em sua obra Literatura e sociedade, discutiu sobre uma tríade inseparável na literatura – a obra, o autor e o público – que auxilia em um diálogo inter-humano entre esses pontos. Foi deste modo que Umberto Eco conseguiu permanecer como best-seller com seu romance Número Zero, principalmente por ter conseguido alcançar a atenção de seu público assíduo, além de conseguido novos – fato que é justificado por sua linguagem tanto erudita, quanto simples e de fácil compreensão.
Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 23/01/2018
Código do texto: T6234032
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