Defesa feroz e contraproducente

DEFESA FEROZ E CONTRAPRODUCENTE
Miguel Carqueija

Resenha do livro “Padre Cícero e Juazeiro”, do Padre Neri Feitosa. Editora Imeph, Fortaleza-CE, 2011. Coleção Centenário. Prefácio: Manoel Raimundo de Santana Neto, Prefeito de Juazeiro do Norte. Subtítulo: “Textos reunidos”.

Não tenho muito a falar sobre esse volumoso livro. Estou razoavelmente convencido da inocência e da santidade do Padre Cícero de Juazeiro, sobre o qual existe admirável unanimidade do povo nordestino, mas não concordo com o estilo panfletário do autor, que utiliza o caso como pretexto para atirar uma série de pitos raivosos contra a Igreja institucional, não poupando nem o Cardeal Leme, conhecido como o “Bispo da Eucaristia”, o homem que salvou Washington Luís quando da revolução de 1930.
Contraditório, o Padre Neri faz muitas ressalvas em relação à santidade da Igreja e à validade dos dogmas, porém suas críticas a erros ou orientações da hierarquia são ferozes e contraproducentes, com excessos verbais, não parece livro escrito por um padre. Além disso, misturando as coisas, Neri Feitosa acaba juntando no mesmo saco Cícero e Leonardo Boff, quando o primeiro era grandemente espiritualizado e o segundo, expoente da teologia da libertação, que leva ao marxismo e ao ateísmo. Ora, os adeptos dessa falsa teologia não querem saber de milagres.
O livro se ressente da ausência de revisão, está escrito em mau português, provavelmente com milhares de erros. Em toda a minha vida nunca deparei com livro escrito por sacerdote, tão mal escrito. Além disso foi elaborado sem método, amontoando as informações de forma confusa. E mais: o subtítulo “textos reunidos” engana o leitor, levando-o a pensar que o volume inclui trabalhos assinados pelo Padre Cícero, o que na verdade não ocorre.
Rio de Janeiro, 22 de março de 2018.