CURSO DE APOLOGÉTICA CRISTÃ – existência de Deus, prova 3

CURSO DE APOLOGÉTICA CRISTÃ – existência de Deus, prova 3
Miguel Carqueija

Resenha parcial do tratado “Curso de Apologética Cristã”, pelo Padre W.Devivier S.J. Companhia Melhoramentos de São Paulo (depois Edições Melhoramentos), sem data. Tradução: Padre Manoel Martins S.J. Subtítulo: “Exposição racional dos fundamentos da Fé”. Texto de apresentação pelo Cardeal Patriarca de Veneza, José Sarto (depois Papa Pio X), Dom Sebastião Leme (arcebispo-coadjutor do Rio de Janeiro, depois cardeal) e carta-prefácio do Padre Luiz Gonzaga Cabral S.J.

“A existência do mundo visível”
Esta terceira prova é deveras contundente. Os conhecimentos científicos do século XIX já eram assombrosos, que dirá agora. Devivier discorre eruditamente sobre o testemunho dos sábios e da Ciência e mostra que, de fato, a simples existência do universo comprova a existência de uma inteligência superior e onipotente. O próprio Voltaire, conquanto adversário da fé católica, é citado. “Enchei um saco de poeira e despejai-o numa pipa: mexei depois bem e por bastante tempo, e veresi como dela saem quadros, plantas e animais.” Assim se dirigia Voltaire, irônico, aos ateus do seu tempo.
Qualquer manual de Astronomia, Cosmologia ou Atomística corrobora o lúcido pensamento de Devivier, que escreveu numa época anterior ao Padre Lemaitre, que descobriu o Big Bang, ou melhor, a Grande Expansão do Universo, que comprova a Criação. A suposta eternidade do Universo, a que recorrem às vezes os ateus e muito gratuitamente, além de não confirmada pela Ciência também nada explicaria: “Debalde se recorreria a uma série infinita de seres contingentes, que uns aos outros sucessivamente se dessem a existência, porque, não tendo nenhum destes indivíduos em si a razão última da sua existência, nem também a pode ter toda a série. Nunca 50 cegos poderão jamais dar um vidente. Acumulai quantos zeros quiseres, que jamais obtereis uma unidade. É, pois, necessário buscar fora da série esta razão última, e chegar a um ser, que não seja efeito de uma outra causa, mas que tenha a existência por virtude da sua própria natureza, e que, por conseguinte, existe necessariamente, e desde toda a eternidade. A este Ser é que nós chamamos Deus”.
Com seu estilo brilhante e com a força da Lógica e da Razão o autor lembra ainda os fenômenos do movimento e da vida, que não poderiam surgir espontaneamente. Fica patente que o Universo, por si só, revela a existência do Ser Divino até porque o nada não poderia criar, como lembra Bossuet: “Se num determinado momento nada existe, nada eternamente existirá”.

Rio de Janeiro, 13 de julho de 2018.