"Marília de Dirceu", resenha

MARÍLIA DE DIRCEU, RESENHA
Miguel Carqueija

“Marília de Dirceu” (poemas), por Tomás Antônio Gonzaga. Ediouro, Rio de Janeiro-RJ, 27ª edição, 1988; Coleção Prestígio. Biografia, introdução e notas: M. Cavalcanti Proença.

O autor destes poemas é considerado um grande nome do estilo conhecido como Arcadismo. Não se sabe ao certo quando morreu (1809 ou 1810), pois estava exilado em Moçambique por ter participado da Conjuração Mineira. Seu livro é quase todo composto de homenagens líricas para a sua noiva Marília, da qual foi separado para sempre. Um romance que entrou para a História do Brasil.
Eu fiquei meio decepcionado pois, desde criança, ouço falar desses poemas; eles me pareceram meio bobos, citando continuamente a mitologia grega — Cupido e Jove (Júpiter) principalmente. A certa altura a alegria dos versos de amor é substituída pela melancolia do cárcere onde, sem entrar em detalhes, o poeta proclama a sua inocência.
Gonzaga usa muito os versos curtinhos. Vejam esta amostra:

“Minha Marília,
Tu enfadada?
Que mão ousada
Perturbar pode
A paz sagrada
Do peito teu?”
(Lira XVII)
Que fim terá levado Marília — aliás, Maria Dorotéia — após a prisão e deportação do noivo? O prefaciador, infelizmente, nada fala a respeito.

Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2018.