CANÇÃO DE NINAR ESTÁTUAS...

Venho caminhando aos pouco, e com cuidado, pelas páginas do livro “Canção De Ninar Estátuas” do escritor do Rio de Janeiro, Luiz Gilberto de Barros, editado pela Mondrongo, 1° Edição, Ilhéus – Bahia. Não por causa de uma possível leitura difícil, truncada, mas sim, pela profundidade dos textos apresentados... Pela beleza, pelo encantamento!
Luiz Gilberto Barros demonstra dominar a palavra, com textos claros, que faz com que penetremos profundamente pelas urdiduras de sua construção literária, levando-nos com doses precisas, concisas, ao prazer oriundo da leitura.
O meu caminhar cuidadoso pelas suas páginas, ato já recorrente, busca captar toda a atmosfera do que ele apresenta, pois Luiz Gilberto Barros apresenta-nos uma obra de uma plasticidade inquietante... Imagens, sons, que evocam em nossa mente sensações de nosso passado, outras que gostaríamos de ter vivido, outras que nunca imaginaríamos viver...
Aliando-se a esta plasticidade, gritam fortemente os próprios personagens de suas vinte e uma histórias aqui apresentadas. E este grito estridente, dá forma e concretude ao que fora literariamente criado... Os personagens deste livro “Canção de ninar estátuas” poderiam ser qualquer um de nós!
Quem de nós não estarreceria diante do que se narra no conto que dá nome a este livro?
Qual de nós não amaria Sara Samira? E não sofreria pela falta dela?
Qual educador ou pai, não gostaria de tocar a alma de um aluno, de um jovem, de um filho, de um amigo, nos dias que correm, como o professor do conto “Projétil pedagógico”? E a atitude dele, não deveria ser o objetivo de um educador, de uma escola, de uma política pública para a educação - fazer com que os seus discentes descobrissem a si mesmos?
Assim, sem me aprofundar por demais sobre os textos lidos, reafirmo o que me encantou aqui:
Fiquei aturdido com “Canção de ninar estátuas”, encantei-me também com “Sara Samira”, e acima de tudo com “Projétil Pedagógico” mergulhei na complexidade que é educar a nós mesmos e aos outros... - Outros a quem amamos e outros a quem deveríamos amar!
Mas, para não ficar apenas no que já comentei, vale lembrar que neste volume ainda poderá ser encontrado material para reflexão... “Urutu” dá exemplo de como são estranhos os caminhos da vida, e de como os acasos, se por um acaso existam, definem a nossa vida.
Por falar em vida, é bom se pensar melhor em se desvalorizar a quem quer que seja, o “Roceiro” que o diga, neste conto a esperteza e a “civilização” não adiantaram de nada, é ler, curtir, e se deliciar...
Assim, convido a todos para lerem “Canção de Ninar Estátuas” de Luiz Gilberto de Barros, posto que com sorte, os leitores, venham a perder algum torpor que acaso apresentem e algum alheamento que sintam em seu dia-a-dia... Pois, este autor, mestre com as palavras, compôs este livro e outros de sua extensa obra literária, não para “apenas” ninar estátuas, antes, quer despertá-las!
Eu penso que Luiz Gilbert Barros, quer levar seus leitores a reencontrarem-se consigo mesmos, e a transcender o momento em que vivem... Perdoem-me os meus leitores, se generalizei, o que senti em mim! Por falar nisto, nem comento muito o conto “Bença, Pai.” Eu, estou ali... E sim, acrescento concordando; a ignorância é também uma bênção!
Reitero o convite a leitura deste belo “Canção de ninar estátuas” de Luiz Gilberto Barros, insinuando que este livro pode funcionar como o rouxinol de “Pios de bemóis e sustenidos”, um elemento externo a nos mesmos que nos remete ao que é fundamental e essencial em nós: Nossa alma, nossos sentimentos!
Em tempo; dizem por ai que Luiz Gilberto Barros é o heterônimo de Luiz Poeta... Ledo engano!
Lendo este “Canção de ninar estátuas” eu me senti frente a frente com ele:
Luiz Gilberto Barros não é só um heterônimo de Luiz Poeta, é ele, Luiz Poeta, por ele mesmo!

Edvaldo Rosa
14/02/2019
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