ARRIGHI, Giovanni. O Longo Século XX. Editora Unesp, São Paulo, 1996.

Neste livro Arrighi compreende o desenvolvimento do capitalismo moderno a partir de uma ideia teórica e de uma abordagem da economia capitalista alicerçada em ciclos de acumulação, na qual há três abordagens do capitalismo histórico: hegemonia, capitalismo e territorialismo.

Hegemonia é a competência de um estado em exercer liderança e governo. O capitalismo é a tendência de grupos capitalistas mobilizarem seus estados para proporcionaram uma maior atuação das suas empresas, favorecendo assim, suas posições competitivas. O territorialismo é o controle da parte dos capitalistas de recursos escassos ao mesmo tempo que consideram os recursos territorialista um meio e um sub-produto da acumulação do capital. Essa busca proporcionava a acumulação do capital para cidades-estados do norte da Itália.

Arrighi diz que a economia capitalista passou a se caracterizar por um sistema em que as redes de acumulação estavam inseridas nas redes de poder e subordinadas a elas. Essa transformação se deu por uma série de ciclos sistémicos de acumulação cada um seguindo de uma fase de expansão material e esta seguida por uma fase de expansão financeira resultante de atividades de um complexo particular de agentes governamentais e empresariais.

O ciclo de acumulação genovês que se desenvolveu ao mesmo tempo em que se intensificou as pressões competitivas e que o capital excedente foi usado para pagar a dívida pública das cidades-estados proporcionando assim a alienação futura do patrimônio e da receita por parte das classes capitalistas, movendo-se assim, em direção a formação do mercado, estratégias e estruturas acumulação flexível.

O capitalismo milanês veneziano florentino desenvolveu o sentido de gestão do estado e de estratégias e por estruturas mais rígidas de acumulação de capital.

O enclave capitalista do norte da Itália foi o principal ponto da expansão financeira reflexo da expansão comercial precedente. As relações desses enclaves em suas cidades-estados caracterizavam-se por relações cooperativas.

O ciclo sistémico de acumulação holandês onde diz que no século XVI os holandeses tornaram-se beneficiários de um fluxo volumoso e regular de excedente monetário o que resultou na expansão do seu sistema comercial.

O ciclo de acumulação britânico a absorção por parte das organizações governamentais e empresariais do mundo dos meios de produção britânico e a expansão de suas redes bancarias propiciaram benefícios para a burguesia inglesa e a Grã-Bretanha pode exercer funções de entreposto comercial e financeiro do mundo por ser industrial e imperialista.

O capitalismo e o territorialismo criados pelos mercantilistas franceses e britânicos obrigaram uma reestruturação da geografia política e do comércio mundial tendo como base três componentes: a colonização direta, a escravatura capitalista e o nacionalismo econômico.

O que gerou a hegemonia econômica no reino unido foi um imperialismo que tinha como princípio o livre comércio, a expansão ultramarina e o desenvolvimento da indústria. A criação no século XIX de uma estrutura imperial parcialmente capitalista e parcialmente territorialista proporcionou a expansão da economia capitalista mundial.

O ciclo sistêmico de acumulação norte-americano se deu quando a luta interestatal pelo poder elevou os custos de proteção para os estados europeus inclusive para a Grã-Bretanha obrigando a burguesia externalizar essa questão através de obtenção de divisas estrangeiras mediante a exportação de produtos primários.

O desenvolvimento capitalista dos Estados Unidos se deu em razão da sua economia doméstica caracterizada por um forte mercado interno e suas políticas de manter as portas de mercado interno fechadas aos produtos estrangeiros, mas, aberta ao capital, a mão-de-obra e a iniciativa do exterior contribuindo para se tornar o maior beneficiário do imperialismo britânico, contribuindo para o livre comércio e com isso o Reino Unido perdeu o controle sobre o equilíbrio econômico global.

Os principais instrumentos hegemônicos de poder utilizados para a reorganização econômica do mundo foram: as organizações de Bretton Woods e a ONU. Ambos, beneficiaram empresas e produtos norte-americanos, principalmente, depois do acordo geral sobre tarifas e comércio deixando na mão dos Estados Unidos o controle sobre o ritmo e a liberalização comercial.

O capitalismo nasceu como um sistema social histórico devido a intensificação da concorrência intercapitalista e aluta pelo poder dentro das cidades-estados e entre elas o controle desses estados pelos interesses capitalistas gerou uma alienação das cidades-estados ao interesse monetário, tornando esse aspecto fundamental da expansão financeira no norte da Itália, pois grupos capitalistas que não podiam investir com lucro no comércio passaram a investir na tomada dos mercados dos concorrentes como um meio de se apropriarem dos bens e da receita futura do estado dentro do qual operavam. A arte e acultura foram meios para conquistar a legitimidade das cidades-estados.

A substituição das taxas de câmbio fixas por taxas flexíveis resultou na aceleração da tendência dos governos das nações desenvolvidas sobre a produção e regulação do dinheiro mundial.

Zeneide Cordeiro
Enviado por Zeneide Cordeiro em 08/07/2019
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