Matar para não morrer

Matar para não morrer: A morte de Euclides da Cunha e a noite sem fim de Dilermando de Assis é uma biografia, cuja autora é Mary Del Priore, sendo editado pela Editora Objetiva no ano de 2.009.
O foco da autora é o episódio acontecido no dia 15 de agosto de 1909, quando Euclides da Cunha, autor do romance “Os Sertões”, invadiu a casa no bairro carioca da Piedade, onde morava o jovem tenente Dilermando de Assis, amante de dona Saninha, mulher do escritor. O seu propósito era matar o jovem amante da sua esposa, todavia ao invés de caçar, ele virou a caça, sendo morto pelo soldado.
A partir de então todos os fatos que precederam e sucederam esse assassinato, é descrito de forma magistral pela autora, que na minha concepção, todo esse desenrolar tornou-se um romance muito intrigante, aguçando a minha curiosidade até o ponto final.
Naquela época a sociedade era completamente machista, o marido tinha autoridade total dentro do seu lar, era o Patriarca, o Provedor, dentro da casa era a autoridade máxima. A mulher era um ser inferior, cabendo a ela cuidar do lar e viver submissamente ao seu marido.
Diante desse panorama, não é difícil sabermos que toda a sociedade da época seria favorável a Euclides da Cunha, pois a sua intenção era defender sua honra, lavar com sangue tudo aquilo que foi manchado por tal perfídia.
Dilermando foi absolvido em seu julgamento, por sinal não só uma vez, como duas fora absolvido, porque mais tarde Quidinho, filho de Euclides, iria tentar matar Dilermando e também seria morto.
Nos dois casos Dilermando reagiu apenas para se defender, era a lei da sobrevivência, um dos dois iria morrer. A partir desse ato insano do adultério, o soldado iria viver para sempre acusado pela sociedade e por sua própria consciência, afinal de contas por sua causa, seu irmão Dinorah, acabara ficando paraplégico, pois Euclides completamente enfurecido também o alvejou com três tiros.
Tanto Euclides, como Dilermando foram vítimas daquela sociedade tão preconceituosa, cheia de rótulos. Para amenizar o fardo Dilermando procurava distrair se dedicando ao seu trabalho, e também à sua família, pois com a morte do escritor, ele se casara com Saninha, tendo cinco filhos, e a eles davam a sua dedicação.
Todavia nada que Dilermando procurava fazer para reparar o seu mal, não era observado pela sociedade, ele sempre era taxado como adúltero, o destruidor de um lar, aproveitador de uma mulher carente e indefesa, sendo que essa condenação só teria fim com o seu falecimento.

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 09/07/2019
Reeditado em 09/07/2019
Código do texto: T6692352
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