RESENHA CRÍTICA
Educação e Trabalho: bases para debater
a Educação Profissional Emancipadora
 
Gaudêncio Frigotto
 
Entender a crise no trabalho assalariado observando as diferenças na sociedade atual e a ideia de se constituir novos conceitos sobre a profissionalização é instigadora. O trabalho precisa ser associado ao estudo de ser social e não meramente à escravidão e ao servilismo, sendo objeto de troca. O trabalhador tem sentimentos e necessidades básicas, como viver em sociedade sem separatismo. Não deve resumir-se apenas a servir, não ter tempo para a família ou para aproveitar os benefícios que existem dentro de seu contexto social.
Existe a oferta de diversos cursos para a capacitação profissional, porém o assalariado não tem suporte financeiro para obter a qualificação. O profissional desqualificado acaba permanecendo no mesmo posto de trabalho sem melhorias salariais e educacionais.
A partir da era moderna, com a revolução burguesa, veio o direito universal à propriedade. Sem posses, os antigos servos possuíam apenas a sua força de trabalho para vender: nisso se constituiu o seu direito. Pouco mudou desde então, como relata Frigotto: “A história nos mostra, como nos lembra Marx, que os seres humanos vivem a pré-história das sociedades de classe, nas quais um grupo ou classe dominante escraviza ou aliena os demais grupos ou classes”.
Hoje, a classe trabalhadora, levada pela grande mídia, parece alheia ao desmonte de seus direitos conquistados durante séculos de luta. Frigotto é muito acertado ao dizer que “É esse edifício que desmorona neste final de século, e com ele surge um tempo de insegurança ou ameaça do desemprego estrutural ascendente e de precarização do emprego.”, visto que essa mesma situação se repete, quase vinte anos depois.
Neste contexto de crises empregatícias é que podemos ver a necessidade de uma educação profissional emancipadora. Não basta apenas educar para informar ou apenas fazer com que se reproduza conteúdos e técnicas: o caráter libertador da educação centra-se justamente no poder de quebrar barreiras, sejam educacionais ou mesmo de cidadania e crítica à mídia. Isso porque o trabalhador está inserido dentro de uma sociedade, composta majoritariamente por ele e que deve tê-lo como ator principal.