A mulher na janela

Anna Fox é uma psicóloga afastada do cargo e do mundo por conta de sua agorafobia, consequência de um estresse pós traumático originado de um acidente de carro que sofreu com a família. Um de seus hobbies na vida enclausurada é observar a vida dos vizinhos sem interferir. Até que uma família nova se muda para a casa do outro lado do parque e seu foco se direciona quase totalmente pra ela.

Depois de uma série de acontecimentos estranhos - pra nós que lemos, mas não tão estranhos pra ela - Anna testemunha um assassinato na tal casa através de sua janela. Porém, outros acontecimentos mais estranhos ainda põem em dúvida o que Anna diz ter visto e isso a faz duvidar de sua própria lucidez.

O que temos nessa trama é a construção de uma “heroína” tão humana e por isso mesmo cheia de pontos fracos.

Mesmo que em vários pontos da história haja lacunas ou imprecisões na sua própria versão dos fatos, somos levados a torcer por ela não porque acreditamos no que está acontecendo mas porque ela inspira confiança em suas observações, sua delicadeza nos detalhes de mulher, de mãe, de psicóloga, amiga e paciente - porque até em suas sessões de terapia ela analisa o terapeuta.

Mas o livro reforça o ditado que “santo de casa não faz milagre” (vcs saberão o pq no final do livro) e nisso há uma explicação. Anna sempre atendeu crianças com diversos tipos de problema, em contato direto com elas, olhando nos olhos que são “as janelas da alma”, mas quando passa muito tempo vendo através da janela de casa isso não a aproxima do mundo, pelo contrário, afasta-a. Mas mesmo nos 45 do segundo tempo, Anna age como psicóloga – e mãe – para lutar contra a vida, porque mesmo tentando se livrar de uma culpa, mesmo misturando remédios com Merlot, mesmo acreditando em ilusões, Anna ainda pretende viver e ver a vida que a assustou tanto mesmo dentro casa!