A minha resenha sobre Os cadernos de don Rigoberto

Enfim, terminei de ler “Os cadernos de don Rigoberto” de Mário Vargas Llosa e fiquei bem satisfeito comigo mesmo em tê-lo lido palavra por palavra em todas as páginas, nada me escapou, nem acentos, nem vírgulas ou pontos finais. Tenho um hábito já de algum tempo: o de rabiscar a lápis os trechos que me interessam, e este livro é cheio deles, destes trechos interessantes.

Don Rigoberto é um advogado casado com Dona Lucrécia, está no segundo casamento, e tem um filho chamado Fonchito, do primeiro himeneu. Sua esposa “Lucri” é uma mulher lindíssima e objeto de suas fantasias sexuais. Elabora situações variadas para realizar seus refinados desejos eróticos; seus atos, em nenhum momento descambam para a mera pornografia, don Rigoberto é um literato, possui claramente um inteligência profunda sobre determinados assuntos. Toda a história se passa no Peru e exala um cheiro de sensualidade “limenha”, Fonchito é um garoto diabolicamente belo, inteligente, manipulador – está fascinado pelas obras do pintor Egon Schiller que pintava mulheres nuas, a ponto de carregar em sua mochila ginasial um calhamaço de imagens de nus, captadas a partir de um visão de cima.

O menino com sua astúcia de efebo, tenta reaproximar o pai don Rigoberto de Lucrécia. Antes, o menino havia seduzido e se “deitado” com a madastra, que por óbvio, não pôde resistir “àquele odor adolescente de partidas de futebol, de caramelos frutados e sorvetes d’Onofrio”.

Há um ano que estão separados, Don Rigoberto com suas orelhas enormes de Dumbo não se aguenta de tanto desejo, só faz criar obsessivamente as mais lascivas fantasias sexuais. E dona Lucrécia se deixa enredar de bom grado nelas.

A mim, é realmente excitante pensar que minha mulher já beijou ardentemente outra mulher na boca. Ainda que ela queira justificar o ato dizendo estar bêbada, que era carnaval e que “aquilo” ocorrera já fazia três anos, (nunca exigiria explicações sobre suas libidinagens, meu bem!). Esta cena me fixaria à mente, levando o sangue corrente, à milhão, até minhas veias penianas, inchadas, coloridas que são como tubos intramusculares, e isso era o esperado por nós que amamos o sexo.

Mas, houve um tempo, alguns meses em que don Rigoberto não fazia outra coisa senão sonhar com o bem feito corpo de sua esposa, que não estava mais à sua mão, e com a reconciliação, que sabia, mais cedo ou mais tarde viria. O livro enfatiza, dá foco na beleza, na sensualidade feminina. Num momento, Lucrécia e a criada Justiniana se amam numa sala escura, depois de salva-la de uma agressão sexual perpetrada por um energúmeno alcoolizado – a cena carrega em si uma tensão sexual mais tesuda e potente que todos os vídeos do Youporn. Ceres, Deméter e Lucrécia as deusas da terra em Lima! Enfim, don Rigoberto, corretor de seguros e advogado rico num país predominantemente pobre, se enche de angústia na solidão de sua biblioteca, com suas anotações em seus incontáveis cadernos anotações à lápis, como as de algum conhecido?.

Homem de preto
Enviado por Homem de preto em 18/03/2020
Reeditado em 11/10/2022
Código do texto: T6890453
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