TURISMO

GARRIDO, Inez Maria Dantas Amor. Modelos Multiorganizacionais No Turismo: Cadeias, Clusters e Redes. Salvador: Secretária da Cultura e Turismo, 2002. 152p. : il – (coleção Selo e Turismo).

CONCLUSÕES DA AUTORIA

A análise dos modelos Multiorganizacionais – cadeias produtivas, clusters e redes interorganizacionais, incluindo suas peculiaridades e principais condições de operacionalização, além dos aspectos do desenvolvimento regional .

O turismo ainda encontra dificuldades para estabelecer bases mais sólidas em modelos de organização, que foram desenvolvidos para p setor industrial. O aprofundamento dos estudos empíricos e teóricos sobre o turismo se mostra de grande importância para que se possa compreender essa atividade, como resultado de uma ação cooperada de todas essas partes.

A investigação teórica realizada até aqui permite a abertura de novas frentes de interesse para aprofundamentos futuros. Em cada um dos modelos estudados – cadeias produtivas, clusters e redes existem questões de pesquisas que nos parecem relevantes para um melhor entendimento do fenômeno turismo.

As cadeias produtivas, conseguem representar apenas parcialmente a realidade de alguns subsetores do turismo.

Um dos pontos fortes apresentados pelo modelo de clusters é a sua flexibilidade e adaptabilidade a, praticamente, todos os setores produtivos. Além disso, aplica-se de forma igualmente ajustada, tanto em países ou regiões desenvolvidos, quanto em economias frágeis ou deprimidas. Nessas últimas, o cluster pode exercer importante papel na alavancagem do setor e, consequentemente, na região a qual se instala. As externalidades inerentes ao modelo de cluster se mostram bastante importantes para o desenvolvimento regional, porque alcançam não apenas as empresas dos locais em que se instalam, mas a sociedade como um todo. A organização em cluster, principalmente nas regiões de destinos turísticos, pode proporcionar ganhos de produtividade, melhoria de qualidade e conseqüente aumento da competitividade. Soma-se a isso, a coerência com os princípios do desenvolvimento sustentável que preconiza a integração das comunidades locais ao processo de desenvolvimento sócio-econômico.

Entretanto esse modelo apresenta fragilidade porque se mostra insuficiente para representar o sistema turístico total, que precisa estabelecer conexões extra-locais com o denominado market space. ( espaço de mercado).

As evidências resultantes desse trabalho de investigação sobre os modelos multiorganizacionais que melhor se aplicam ao turismo respaldam as conclusões aqui apresentadas. Considerando que a cadeia produtiva pode ser adequada para representação de alguns sub-setores do turismo, que contém maior grau de padronização e maior necessidade de controle do processo operacional.

DIGESTO

A indústria do turismo compreende as atividades turísticas. Com a economia do turismo atravessando e impactando todos os ramos da economia. Na medida em que a modelização dos novos pequenos “pólos” se enfraquece como ferramenta de análise, diante da rápida mudança na economia, os profissionais passam a se agarrar ao modelo de cadeias de valor.

Por cadeia de valor entende-se a seqüência de atividades de produção interdependentes e realizadas intrafirma e / ou entre firmas, que agregam valor a um bem ou serviço do inicio de sua elaboração ao seu destino final outras empresas ou consumidores.

Porter tenha reconhecendo que as ‘cadeias’ estavam embebidas em conjunto mais amplos de atividades situadas no exterior das firmas ou setores, o conceito foi submetido a duas criticas básicas que realçam suas limitações

Ines Garrido defende a superação da idéia de cadeia de valor, que e limitada demais para analise de uma atividade de serviços tão complexa. Sustenta a validade do conceito de cluster geográfico, desde que limitado a analise dos destinos turísticos

No Brasil, as iniciativas mais difundidas sobre os estudos acadêmicos em turismo começaram na década de setenta, este trabalho pretende examinar alguns modelos de integração entre empresas, transportando-os para a realidade do turismo, cadeia produtiva o modelo de cluster, redes interorganizacionais, macroespacialização

Segundo Peter Hill(1997,p.315-338) reflete a preocupação de identificar os agentes principais – prestador e beneficiário ou cliente, sejam indivíduos ou organizações, interagindo em um determinado contexto e tendo como resultado a produção ou modificação de uma situação. Qualidade e diferenciação de serviços, diferenciar através da agregação de qualidade aos serviços prestados, as atividade realizadas durante o tempo de permanência nas localidades visitadas são caracterizadas como serviços de turismo. Também acrescentam-se os serviços recebidos pelo cliente durante o processo de aquisição do produto turístico, ainda na sua localidade de origem. O turismo depende, fundamentalmente da qualidade do serviço oferecido ao cliente.

Para Kotler (2000,p.448) um ato ou desempenho essencialmente intangível que uma parte pode oferecera outra e que não resulte na posse de um bem, intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade, perecibilidade, qualidade e diferenciação de serviços, diferenciar através da agregação de qualidade aos servidos prestados, as atividade realizadas durante o tempo de permanência nas localidades visitadas são caracterizadas como serviços de turismo.

O desenvolvimento do turismo em base planejadas, contando com os devidos mecanismos de controle e monitoramento, poderá alcançar a redução dos seus impactos negativos. Para estabelecimento do conceito sobre desenvolvimento sustentável do turismo à ação do poder público, na definição de políticas gerais, mecanismos regulatórios, controle ambiental, além da provisão da infra-estrutura básica, que atende primeiramente às populações residentes e também a outras atividades produtivas.

A Bahia definiu quatro grandes estratégias: Plano de Turismo do Recôncavo, foram traçadas as bases para o desenvolvimento do turismo em Salvador e no seu entorno; na segunda, denominada

Caminhos da Bahia, adotou-se como estratégia a descentralização do espaço turístico do Estado, reforçando e criando novos destinos e produtos, através da ação de construção de meios de hospedagem, promoção turística e capacitação de recursos humanos. E a terceira denominada Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia – PRODETUR / BA, o Estado distancia-se mais da atividade empresarial do turismo, passando a assumir o papel de indutor desta atividade, provendo a infra-estrutura pública necessária, liderando as ações de marketing e atuando na capacitação dos recursos humanos para o turismo.

A Bahiatursa contratou consultorias especializadas, que, após amplo levantamento de todos os atrativos existentes no Estado, identificaram e mapearam as melhores localizações para implantação de Centros Turísticos Integrados, o estabelecimento dessas zonas se deu pela constatação da qualidade dos atrativos turísticos, a existência de um produto turístico já conhecido e colocado à venda pelas operadoras, além dos recursos naturais preservados, com áreas disponíveis para implantação de complexos turísticos e a capacidade de implantação de infra-estrutura receptiva, sem prejuízos aos recursos naturais e ao meio ambiente. Identificou-se ainda, a necessidade da implantação de um programa arrojado de promoção mercadológica dos produtos desenvolvidos, aliados à procura por acordos com companhias aéreas e operadores de vôo charter, visando a inclusão da Bahia em suas rotas, além da obtenção de tarifas aéreas mais atrativas. A quarta estratégia é denominada

Cluster de Entretenimento da Bahia, é uma iniciativa liderada pelo governo do Estado, que propõe a integração dos setores empresariais do turismo, da cultura, do lazer e dos esporte, para, em conjunto com o Governo, alcançar novos patamares competitivos para o produto Bahia. Acredita-se que essa quarta estratégia dependerá muito mais da iniciativa privada do que do governo

As políticas centrais de investimento em infra-estrutura são importantes para economias regionais ou locais, pois criam condições para a implantação do capital privado.

CADEIA DE PRODUTIVIDADE

Um sistema de atividades interdependentes, uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. A idéia de cadeia de valor proposta por Porter (1991,p 1-23) argumenta que a vantagem competitiva de uma empresa surge a partir do valor que esta consegue criar para seus compradores e que ultrapassa seus custos de produção. O desejável é que se tenha como meta o posicionamento competitivo sempre acima da média das empresas correlatas, cujas vantagens obtidas a partir desse patamar são consideradas sustentáveis, a longo prazo. Norberto odebrecht (2001) declarou que é preciso valorizar o conceito de cadeias produtivas e implantar mecanismos eficaz de cooperação, coordenação e integração no âmbito de cada cadeia produtiva e entre elas. No intuito de fornecedores, parceiros e clientes trabalhem em cooperação.

No turismo mantém-se o enfoque na demanda e no consumo, pondo em evidência a fragilidade desse modelo em turismo, ficando apropriado a sua utilização na hotelaria com suas características associadas a industria.

Souza (199-?, p.2) conceitua Cadeia Turística como “um conjunto de empresas e dos elementos materiais e imateriais que realizam atividades ligadas ao turismo, com procedimentos, idéias, doutrinas e princípios coesos e afins, para conquista dos seus mercados estratégicos respectivos, utilizando-se de produtos competitivos”. Sendo assim fica claro que o modelo é parcialmente representativo para o turismo, ficando ligado à alguns sub-setores.

CLUSTERS

Para Porter (1999b, p.212), para identificar os elementos que constituirão um cluster é necessário tomar como ponto de referência uma grande empresa ou uma concentração de empresas semelhantes, para a partir daí, analisar a cadeia vertical de empresas e instituições, após mapear fornecedores comuns de produtos e serviços complementares. Busca-se também elos com instituições de treinamento e oferta de tecnologia, além de identificar agências do governo que desempenhem papel significativo para o setor estudado.

Humphrey e Schmitz (1995,p.1-2), propõem que as políticas voltadas para o apoio aos clusters, micro, pequenas e médias empresas, devem ter como foco o cliente, os interesses coletivos das firmas e os efeitos cumulativos. Essas empresas com isso podem desenvolver a capacidade de grupos de empresas desencadearem processos de melhorias derivadas de relacionamentos com o mercado.

Para Porter (1999b,p.217-218), traz a opinião de que a estruturação de um grupo de empresas e instituições como um cluster promove oportunidades de cooperação em matérias de interesse comum, sem contudo ameaçar a competição ou restringir a rivalidade entre empresas correlatas. E apenas ele menciona a formação e aplicação desse modelo para o setor de turismo.

A região de destino turístico pode ser, freqüentemente, vista como um cluster de entretenimento, como esta sendo formulada na proposta para a Bahia. A implantação do modelo de cluster serve para promover o ajustamento e a cooperação entre as atividades e ocupações profissionais. É um dos modelos multiorganizacionais mais apropriados para estruturação das regiões de destino, aliada à necessidade de promover a concatenação e o estabelecimento de parcerias. Porter afirma ainda que o cluster propicia a acumulação de informações e estas se tornam acessíveis para todos os seus membros, que passam a estabelecer fluxos de informações e estreitar laços de confiança, além da ocorrência de complementações na área de marketing, pois clusters melhora a reputação de uma região em determinado setor, atraindo compradores para as empresas ali sediadas.

Na Bahia a implementação de cluster foi sob a condução do setor público. Foi considerado positivo nos seus aspectos de flexibilidade e priorização da cultura e do turismo, mesmo ainda havendo pouco diálogo entre a iniciativa privada, e poucas parcerias federais, com isso o projeto está merecendo a mobilização dos recursos humanos e financeiros do Estado.

Pode-se dizer que os cluster turísticos podem se constituir em uma alternativa favorável de desenvolvimento local sustentável.

REDES INTERORGANIZACIONAIS

É um tipo de agrupamento de empresas conectadas, geralmente como objetivo de fortalecer e complementar umas as outras, tanto nos processos produtivos, como nos sistemas de distribuição. São também consideradas como formas de alianças estratégicas entre organizações e tanto podem unir empresas de uma mesma localização geográfica como conectá-las globalmente em longas distâncias.

Pode-se dizer que as redes favorecem tanto o processo de concentração como o de descentralização dos fluxos financeiros na economia global.

No turismo à um ambiente favorável a essas redes. Sendo de suma importância estabelecer modelos compatíveis com as necessidades de circulação rápida de informações, que de forma flexível atendam às variadas demandas dos turistas, dispensando, tanto quanto possível, a verticalização das firmas e valorizando a integração de negócios independentes, mas que atuem de forma cooperada e sinérgica.

Mostrando- nos que as redes com interesse em turismo trazem como conteúdo subjacente a questão do desenvolvimento local e sustentável.

Outro fator presente no modelo de redes é a base tecnológica que pode conectar, em tempo real, todos os participantes, facilitando, assim, a integração dos diversos atores do turismo. Fazendo com que sejam potencializadas as perspectivas de aprimoramento do produto turístico. Um dos aspectos desfavoráveis para este modelo, é em alguns casos, o baixo nível de exigências para que firmas de qualidade duvidosas tenham acesso às redes de prestação de serviços turísticos. Com poucas barreiras o setor de turismo tem visto muitas empresas e empreendimentos fecharem, o que compromete a continuidade e a manutenção do padrão de qualidade dos produtos turísticos. Sendo necessário um amplo programa de capacitação e educação empresarial e profissional, o que contribuirá para o desenvolvimento sustentável da atividade turística.

BARBARA PALMA
Enviado por BARBARA PALMA em 24/10/2007
Código do texto: T707289
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