"As Cem Linguagens da Criança" Resenha Parte V: Conclusão

“As Cem Linguagens da Criança”

Resenha Parte V: Conclusão

Alexandre José de Souza Puglisi ¹

¹ Graduando em Pedagogia, USP

Resumo: Trabalho realizado com o intuito de tornar sucinto os feitos pedagógicos de Loris Malaguzzi em relatos de pesquisadores referentes à abordagem adotada nas escolas da região de Reggio Emilia, Itália.

Palavras-chave: Educação infantil; Linguagens; Puglisi; Malaguzzi

SÃO PAULO

2020

Parte V : Conclusão

Neste trecho final do livro, os autores discorrem sobre a experiência obtida nos intercâmbios realizados nas escolas de Reggio Emilia. A finalidade maior do projeto foi a de encontrar a inspiração nos projetos implementados por Malaguzzi para a formação de uma criança reintegrada, capaz de construir seus próprios poderes de pensamento através de uma síntese de todas as linguagens expressivas, comunicativas e cognitivas. Este estudo mostra, todavia, que a criança não é um investigador solitário. Ao contrario, coloca a criança como a protagonista que, com os seus sentidos e a mente infantil, precisa da ajuda de outros para perceberem a ordem e a mudança e descobrirem os significados das novas relações.

Os autores afirmam também que o livro é o produto final de várias colaborações sendo que dentre estas podemos salientar as que seguem: o resultado positivo do entendimento transcultural tendo como objetivo a obtenção de significação de eventos e ideias; a importância da fusão entre as artes liberais e a disciplina profissional da educação para a primeira infância; e, principalmente, como resume Dean Murray Schwartz na Conferência de 1988 na Universidade de Massachussets em seu discurso referindo-se à colaboração entre crianças e adultos observado nas escolas municipais de Reggio Emilia: “...A liberdade das crianças para brincarem cooperativamente muda o mundo! Quando crescerem, ficarão adultas e ensinarão outras crianças... se elas podem criar um comunidade adulta, então isso terá um efeito profundo sobre o modo como percebemos, mudamos e respeitamos o mundo real.”

Outra importante conclusão sobre os estudos realizados em Reggio Emilia apoia-se na filosofia e as premissas básicas sobre o ensino e a aprendizagem. Apesar das escolas americanas focarem na autonomia e individualidade das crianças, a maior parte dos educadores americanos procura promover uma maior cooperação e participação da comunidade nas escolas americanas mantendo o foco na criança. Com isso traz também a importância do papel do professor como um mediador social entre a instituição escola e a família e comunidade.

Muitas perguntas ainda devem ser analisadas em uma tentativa de obtermos uma resposta precisa, contudo, o que fica muito claro na experiência nas escolas de Reggio Emilia é que o sistema estudado deve servir como fonte de inspiração e não como um produto a ser adquirido e aplicado de forma sistêmica e radical. As diferenças culturais provam que, apesar de todos os recursos disponíveis, a importação de modelos estrangeiros em seu todo jamais funcionaria pois cada sociedade deve solucionar seus próprios problemas (David Hawkins, p. 306).

Como contribuição, o livro também apresenta uma síntese listando diretrizes de ensino divididos em seis categorias, conforme observados em Reggio Emilia. Elas consistem nas seguintes etapas: preparação do projeto; estratégias de representação; dinâmica de grupo; estratégias didáticas; objetivos cognitivos; e interpretação do trabalho das crianças.

 

Bibliografia:

EDWARDS, Carolyn; FORMAN, George; GANDINI, Lella. As cem linguagens da criança: A abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999.