Resenha: O que o sol faz com as flores, de Rupi kaur

Obra: O que o sol faz com as flores

Autora: Rupi Kaur

Tradutora: Ana Guadalupe

Ano de publicação: 2017

Editora: Planeta do Brasil

Páginas: 256

O que o sol faz com as flores é um livro escrito em forma de poemas em que a autora discorre sobre temas como: crescimento, cura, ancestralidade, honrar as raízes, expatriação, amadurecimento e o encontrar-se como seu próprio lar. Trata-se, portanto de temas muitas vezes contemporâneos. A escrita é simples, utiliza-se de poucas palavras, alguns poemas por exemplo possuem dois versos, mesmo assim, este mesmo poema é capaz de causar forte reflexão e impacto ao leitor.

A obra de Rupi Kaur é dividida em cinco capítulos, para identificá-los a autora optou por utilizar verbos no infinitivo: murchar, cair, enraizar, crescer e florescer. O livro foi ilustrado pela própria Rupi com traços finos e desenhos que combinam perfeitamente com a temática dos poemas e muitas vezes falam por sí. Poemas e desenhos se entrelaçam e deixa a leitura ainda mais marcante.

No primeiro capítulo intitulado “murchar” a autora fala sobre o relacionamento abusivo, a dor da perda, o sofrimento causado pelo fim de um relacionamento, sobre as fases desse sofrimento, por não saber separar o eu e o ele, o fechar-se para um novo amor, o medo de não superar, o trauma dos planos sendo desfeitos, até a procura por ajuda.

Em “cair”, segundo capítulo, dentre outros assuntos aborda o estupro e os traumas que este tende a provocar na vítima, a rejeição ao próprio corpo, a falta de autoestima, a autoflagelação, enfim, traz uma reflexão sobre como a vítima passa a sentir-se.

No capítulo “enraizar” a autora faz nos refletir sobre a imigração, a dificuldade e necessidade de viver longe de seu país, da sua cultura, família. Faz referências a mãe que teve que deixar seu país de origem, fala sobre as lições que teria aprendido com ela, faz uma lista de conselhos que daria a sua mãe antes do casamento, sobre a saudade que sente dela. É como se Rupi estivesse escrevendo uma carta para sua mãe dizendo que entende tudo que ela passou e que gostaria de tê-la ajudado. É também neste mesmo capítulo que Rupi fala da importância que devemos dar as nossas raízes, de não esquecermos de onde viemos.

Em “crescer” tem-se o surgimento de um novo amor depois da desilusão, o medo de sofrer novamente, a culpa por apaixonar-se de novo, mas também a descoberta de um amor sincero, delicado, diferente do amor abordado no primeiro capítulo do livro, “murchar”.

“Florescer”, último capítulo, a autora fala do aceitar-se como seu único e verdadeiro lar, o achar-se dentro de si, o empoderamento feminino.

Enfim, apesar da autora utilizar em sua obra uma escrita simples, esta traz profundos debates, muitas vezes esquecidos por nós, mas que nos dias atuais se faz cada vez mais importante a discussão.