Não era um império submarino

Resenha do romance "Império submarino", de Paul W. Fairman. Editora Livros do Brasil, Lisboa-Portugal, Coleção Argonauta 130, sem data. Tradução: Eurico da Fonseca. Capa: Lima de Freitas. Título da edição original norte-americana: "City under the sea" (Cidade sob o mar).

 

Quem lembra do seriado televisivo "Viagem ao fundo do mar", de Irwin Allen? Das mirabolantes aventuras do Almirante Nelson e seu Comandante Lee Crane, a bordo do submarino "Seaview"? Pois este romance é uma das aventuras, e das mais mirabolantes.

Não se trata propriamente de um império submarino mas de uma base alienígena no fundo do mar, onde se conspirava para arrebatar os oceanos da Terra e teleportá-los  para um planeta de outro sistema solar. Já teriam feito isso com Marte há milênios. E agora tudo organizado com a cumplicidade da família Camberwell, que também seria teletransportada.

A inverossimilhança da trama chega a ser irritante. Ao longo de séculos toda uma família conivente com o extermínio da vida na Terra. Uma humanidade de outro planeta, baseada em escrituras, achando-se no direito de nos exterminar. Um processo físico de transporte de oceanos pelo espaço interestelar.

Outra coisa que me incomoda na história é a mania de não dar nome a personagens proeminentes. O Presidente dos Estados Unidos é chamado no máximo de "O Homem". Por que ele não pode ter nome?

O autor aparecia muito em antigas revistas policiais mas também escrevia ficção científica. Entretanto esse romance, embora bem escrito, é um abacaxi daqueles. Revela também pouco conhecimento da natureza humana.

 

Rio de Janeiro, 28 de agosto de 2021.