Era uma vez em São Bernardo

ERA UMA VEZ EM SÃO BERNARDO

Por: Lúcio Alves de Barros – mestre em sociologia e doutor em Ciências Humanas: Sociologia e Política pela UFMG.

RESUMO: Este texto resenha Era uma vez em São Bernardo. O discurso sindical dos metalúrgicos – 1971/1982, de Kátia Rodrigues Paranhos (Campinas, UNICAMP, 1999)

Unitermos: “novo sindicalismo”, sindicato, São Bernardo.

PARANHOS, Kátia Rodrigues Era uma vez em São Bernardo. O discurso sindical dos metalúrgicos – 1971/1982. Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 1999. 329 p.

Em um momento que duvidamos do destino do movimento sindical, assistimos estarrecidos a perda de credibilidade das instituições sindicais e que percebemos a manutenção do poder por parte de lideranças antes democráticas, é de capital importância a leitura atenta do livro de Kátia Rodrigues Paranhos. Resultado da dissertação de mestrado defendida junto ao Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sob a orientação do Prof. Edgar Salvadori de-Decca, o livro busca dissecar os principais momentos históricos do Sindicato de São Bernardo do Campo e Diadema, berço do que se convencionou denominar “novo sindicalismo”.

O livro está dividido em três grandes partes. Nestas, o leitor pode percorrer em detalhes os principais fatos veiculados na mídia sindical ocorridos no dia-a-dia do sindicato. A leitura é agradável, apesar da autora se interessar muito por descrições “qualitativas” dos episódios que marcaram o sindicalismo daquela cidade e do país. Suas fontes vão de jornais, boletins, livros e entrevistas, a conclusões de reuniões e congressos. Menos analítico e mais descritivo a autora opta por um trabalho mais literário que científico. No entanto, não deixa de ser fundamental a leitura atenta dos documentos organizados. São nestes que percebemos as relações de poder que perpassam a vida sindical. São neles que visualizamos os conflitos, consentimentos e jogos levados a cabo pelos atores sociais sedentos ou não de poder. É nestas descrições que encontramos, e esse é o principal objetivo de Paranhos, os lugares de luta: o sindicato, a fábrica e a cidade.

Na primeira parte, “Tempos Modernos, tempos difíceis”, em que a autora analisa o período 1971 – 1978, o argumento central é de que tanto as lideranças sindicais como os pesquisadores que se dedicaram a estudar a temática do movimento sindical, construíram imagens e enunciados que propiciaram a emergência e maturação dos lugares de luta. Estes lugares, posteriormente, foram de capital importância para a dinâmica, a força política e a construção da identidade operária em São Bernardo. A autora descreve com detalhes a luta que se travou entre os sindicalistas autênticos e da situação em meados dos anos 70. Demonstra como o sindicato foi se transformando em lugar de luta dos trabalhadores de São Bernardo, não deixando de relacionar este fato à emergência de uma “nova” postura sindical. Se o sindicato tornou-se lugar privilegiado de luta ao final dos anos 70, isso de se deu graças à mobilização política de lideranças sindicais contrárias à gerência caduca e atrelada ao Estado de Paulo Vidal. Naquele momento não surge apenas uma nova liderança, Luís Inácio da Silva (o Lula). Na esteira de estudos clássicos como o de Luís Flávio Rainho (1980, 1983), John Humphrey (1976, 1979, 1982), Maria Hermínia Tavares de Almeida (1975, 1978, 1983, 1984), José Álvaro Moisés (1978, 1981, 1982), Ricardo Antunes (1988, 1991) e Celso Frederico (1978, 1979) a autora descreve, e parece concordar com o surgimento do “novo sindicalismo”.

Já com nova liderança, o sindicato de São Bernardo e Diadema, avança e explora outros lugares ainda inexplorados. Kátia Rodrigues Paranhos mostra com acuidade como novas estratégias de mobilização foram criadas e levadas a efeito pelos “novos sindicalistas”. Não se deve lutar apenas no sindicato, a luta deve invadir o espaço fabril. E, neste caso, as lideranças sindicais não vão poupar esforços para modificar toda lógica de mobilização. As campanhas salariais, paulatinamente, deixam de ser atos meramente administrativos legitimados pelo governo. Tornam-se assunto de trabalhadores e patrões. A estrutura sindical é colocada em xeque, os abusos patronais ocorridos nas fábricas paulistas passam a ser divulgados e combatidos pelo sindicato, congressos e seminários passam a fazer parte da agenda dos trabalhadores e é intensificado as campanhas de sindicalização. Esses fatos, conjugados a tantos outros, levam a autora a chamar atenção para a formação da identidade operária. Fato perceptível tanto no discurso sindical como nos estudos de diversos autores... “pode-se perceber como as imagens acadêmicas sugerem incansavelmente a questão da identidade da classe operária. Do mesmo modo as imagens sindicais também convergem para o mesmo propósito” (p. 145).

Boa parte dos estudos voltados para o surgimento do “novo sindicalismo” em São Paulo, foram feitos no calor dos acontecimentos. É forçoso chamar atenção para o problemático encontro da teoria e do trabalho científico coma a política cotidiana naquele momento. Divergências entre os autores no campo teórico invadiram a esfera da ação prática. Interesses foram colocados em xeque e surgiram diferentes concepções acerca do movimento sindical brasileiro. Maria Hermínia Tavares de Almeida (1975, 1978, 1983, 1984) chamou atenção para a conformação de uma aristocracia operária no Brasil, que não tardaria a se render ao corporativismo transformando-se em um mero sindicalismo de resultados. Por outro lado, o trabalho de Humphrey (1976, 1979, 1982) não demorou em defender justamente o contrário, não tratava-se de uma aristocracia e sim do aparecimento de uma vanguarda operária que percebeu a importância da luta na arena política e da necessidade de reunir os trabalhadores na luta pela abertura democrática do país. O mesmo argumento pode ser encontrado nos trabalhos de Celso Frederico (1978, 1979), José Álvaro Moisés (1978, 1981, 1982), Luís Flávio Rainho (1980, 1983) e Ricardo Antunes (1988, 1991). Também é preciso chamar atenção para o trabalho de Leôncio Martins Rodrigues (1966, 1970) que apostava em uma imagem do trabalhador brasileiro satisfeito com os salários e com as condições de vida, muito melhores que aquelas encontradas no campo. O respeito à legislação trabalhista e o ajuste dos sindicatos à estrutura sindical é ressaltado como fatores importantes de acomodação de interesses dos trabalhadores que não tinham o interesse de deflagrar a emergência, a maturação e o desenvolvimento da “consciência de classe”.

Paranhos afirma que esses estudos seguiam a dinâmica das discussões travadas também no meio sindical. Nesse sentido, finaliza chamando atenção para o fato de que todo discurso sindical direcionado aos trabalhadores, principalmente os veiculados pela Tribuna Metalúrgica (1971), visava garantir sua unidade. A luta incorporada pelo sindicato chegou às fábrica e, logo depois, tomou as ruas da cidade. Trabalhadores passaram a discutir política, conjunturas econômicas e melhores condições de trabalho. E mais, passaram a acreditar na possibilidade da constituição de uma classe fortemente politizada cujas concepções se alastrariam por todo o país. De acordo com a autora: “o interesse inicial dos líderes sindicais era estabelecer a mobilização e a identidade da própria categoria, em um primeiro momento. Consequentemente, a luta da classe operária fundamentava-se fortemente no discurso do sindicato de São Bernardo. A tal ponto que o arcabouço do discurso aponta para uma identificação de apelo operário, ou seja o movimento particular desse discurso constitui em uma identificação com os trabalhadores metalúrgicos do ABC e ao mesmo tempo com a própria classe operária (grifo da autora)” (p. 145).

Na segunda parte, “João Ferrador vai ao paraíso?”, Paranhos investiga mais dois enunciados de luta: as greves operárias ocorridas em 1978 a 1980, e as lutas sindicais que invadiram a cidade. No que se refere às primeiras, já é conhecido o fator que deflagrou a insatisfação dos trabalhadores. No final de 1977 veio a público uma das mais terríveis enganações governamentais. Os índices de inflação que nortearam a política salarial de 73 a 77 haviam sido manipulados. As perdas foram enormes para os trabalhadores que, inconscientes, amargaram rendimentos muito abaixo da inflação. A insatisfação que tomou os trabalhadores do ABC, logo foi percebida pelo sindicato, que passou a negociar com os patrões as perdas salariais ocorridas nos anos 70. Apostando na força estatal e no calar dos lideranças sindicais, muitos caçados pela Lei de Segurança Nacional, os empresários resolveram não ceder. O efeito foi perverso, a indignação se tornou coletiva e os trabalhadores optaram pelo movimento grevista. Na verdade, e o leitor tem a oportunidade de rever isso no livro, muitas paralisações já haviam acontecido nas fábricas do ABC paulista, entretanto, foi a greve de 78 que marcou a unificação dos trabalhadores em torno de um interesse comum. Paranhos chama atenção para a movimentação de um enunciado que antes timidamente invadia a vida da cidade, as greves. As mobilizações grevistas, de acordo com a autora, apareceram como fator importante de organização e unificação de experiências operárias. Mas o importante a frisar é justamente o encontro do enunciado greve com a luta aberta na cidade. Mais do que nunca era necessário tomar as ruas, os bairros, as associações, a igreja e os partidos. A autora nos lembra do primeiro momento que veio à tona a possibilidade de criação do Partido dos Trabalhadores. Além disso, ressalta a produção de solidariedade voltada para os sindicalistas cassados, pela união em torno do Fundo de Greve e em favor da continuidade das arrecadações que garantiam a sobrevivência dos trabalhadores que ficaram desempregados ou que resistiam em voltar ao trabalho.

Também se destaca nesta parte, a construção de imagens que associavam o espaço de luta da fábrica com o espaço de luta da cidade. Uma nova linguagem se formou: São Bernardo da Borda do Campo, que antes era a cidade da história e das indústrias, cidade da riqueza e das favelas, tomou um novo perfil após as greves que se abriram no final da década de 70: “a fala sindical estabelece efetivamente outro enunciado e imagem operária – que irão juntar-se às anteriores, ou seja, A capital do automóvel, a Detroit pau-de-arara, a Capital social do país (grifos da autora)” (p. 200). Em questão estava a configuração de novas imagens e enunciados oriundos da fala sindical e dos estudos que apareciam no cenário acadêmico. No que concerne à fala e as imagens produzidas pelas lideranças sindicais é forçoso chamar atenção para a preocupação de instituir uma identidade de classe entre os trabalhadores. Identidade não voltada apenas para a luta contra o poderio empresarial. Em questão estava a formulação de um projeto político para a classe operária, direcionado, inclusive, para a formação de um partido, pois “não podemos esquecer que a questão de constituir um projeto político para a sociedade, feito pelos trabalhadores e que suas necessidades fossem contempladas, foi pensada pela diretoria do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo juntamente com muitos outros trabalhadores manuais e intelectuais que fundam o Partido dos Trabalhadores” (p. 222).

Na terceira e última parte, “Entre o céu e a terra”, Paranhos analisa outros enunciados que se forjaram após as mobilizações de 78, 79 e 80. Descreve com detalhes a mobilização dos trabalhadores nas campanhas salariais (1981 e 1982), a luta fora do sindicato que se encontrava sob intervenção federal, e a pressão dos trabalhadores a favor da abertura democrática do país.

O leitor menos familiarizado com a temática sindical tem nesta parte a oportunidade de tomar consciência das primeiras negociações rumo à construção de uma central única dos trabalhadores. Além disso, pode verificar como se desenvolveu a luta pela direção do sindicato após o período liderado por Luís Inácio da Silva. O sindicato aparece como instituição que garante poder e traz para as lideranças sindicais a possibilidade de alçarem vôos maiores no terreno da política. Neste caso, é interessante observar a mobilização do grupo sindicalista liderado por Jair Meneguelli que conseguiu sair vitorioso após uma conturbada eleição em 1981.

O ataque aos empresários, que teimavam em intensificar o ritmo de trabalho bem como pressionar os trabalhadores para a não realização de greves, também é enfocado no livro. O mesmo cuidado Paranhos reserva às greves ocorridas no início dos anos 80. Ainda nesta parte, é preciso destacar a descrição de todo trabalho efetuado pelas lideranças do sindicato no intuito de traçar novas formas de luta. A começar pela greves que no início do decênio de 80 tomam um novo perfil: greve pipoca, greve tartaruga dentre outras.

Além do campo político, a autora percebe a configuração de novas imagens utilizadas em outros terrenos como foi o caso das manifestações no campo cultural. Neste caso, a autora reserva um grande número de páginas à descrição do conteúdo e do tipo de peças teatrais levadas a efeito pelo departamento cultural do sindicato. Não ficando de fora, é claro, toda organização para que os operários tivessem acesso a filmes, festas, debates e seminários.

Grande importância é dada a atuação do Grupo de Teatro Forja do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, que atuou não apenas nas instâncias sindicais. Formado por trabalhadores metalúrgicos de diversas fábricas da cidade, o grupo atuou em bairros, associações, igrejas e nas ruas. Atuar na mobilização dos trabalhadores na esfera cultural, inegavelmente contribuiu para que os operários, ainda resistentes, viessem a atuar no sindicato. Não obstante, estas atividades não se resumiram em denunciar a precária vida dos trabalhadores, o desmando gerencial, o perigo da reestruturação produtiva e a exacerbada exploração oriunda da classe patronal. Atuava-se também na luta pela abertura democrática através das mobilizações e dos movimentos sociais. Indubitavelmente, fora de suma importância todo trabalho desenvolvido no campo cultural.

Por fim, creio que a proposta de Paranhos pode ser resumida nas seguintes palavras: o discurso dos sindicalistas do Sindicado de São Bernardo do Campo conseguiu, com certa ousadia, produzir imagens, representações ou mesmo determinar “lugares de luta” que antes estavam calados ou não eram utilizados. É neste sentido que aparece o espaço público do sindicato, da fábrica, da greve, do fundo de greve e da cidade. Não há dúvida que o discurso sindical conseguiu maximizar os interesses das lideranças sindicais. Grandes greves e mobilizações sacudiram a base operária da cidade e do país. Novas e velhas estratégias de luta vieram à tona e o movimento sindical tornou-se um ator importante no cenário político do país. Não obstante, algo soa estranho e muito mais complexo do que sugere Paranhos. Em suas palavras, percebemos a defesa de que, na conjuntura política e econômica do final dos anos 70 e início do decênio de 80, fora possível o estabelecimento de uma “identidade da categoria” e da “classe trabalhadora” bem como a constituição de um projeto político para o país. Difícil é avaliar aquele momento e os projetos propostos pelas lideranças sindicais. Paranhos parece esquecer que a luta pelo poder muitas vezes coloca de lado interesses coletivos. E, mesmo naquele período, já era visível a intensidade das lutas entre aqueles que tinham o interesse de gerenciar o sindicato. Certamente este é um dos problemas que ainda perpassam a organização dos trabalhadores. Acrescente-se ainda a problemática de como melhor devia se administrar o sindicato para os desafios que estavam por vir na arena política e econômica do país. Na realidade, não existiu, e estamos longe de assistir, o estabelecimento de ações coletivas capazes de abalar estruturas seculares de poder. O movimento sindical e os atores que conseguiram se alçar no poder graças ao “novo sindicalismo” não foram competentes para isso. A conformação de interesses diferentes no seio do conjunto operário, dentre tantos outros, parece ser o mais sério desafio a ser enfrentado. É aqui que estamos assistindo a produção de fortes corporações que estão longe de se interessar pela coletividade.

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