Adeus Volodia

Resenha do romance "Adeus, Volodia", de Simone Signoret. Editora Guanabara, Rio de Janeiro-RJ, segunda edição, 1985. Tradução: Aulyde Soares Rodrigues. Título original: "Adieu Volodia", 'copyright' 1985, Librairie Artheme Fayard, França.

Falecida no ano de edição deste livro, Simone Signoret foi uma grande atriz francesa de cinema. Eu só pude assisti-la no épico "A nau dos insensatos"  (1965), do grande cineasta norte-americano Stanley Kramer. Seu lado de escritora me era desconhecido.
Sem dúvida, "Adeus, Volodia" é um romance de fôlego. Tem perto de 500 páginas e aborda uma época turbulenta, antes, durante e logo após a II Guerra Mundial. Os personagens são muitos e em grande parte judeus da Polônia e da Ucrânia que, sentindo-se perseguidos, vieram parar na França sem imaginar que, em alguns anos, este país seria dominado por uma belicosa Alemanha nazista, que traria consigo a maior perseguição histórica ao povo judeu.
Confesso que esses romances cheios de personagens e tramas paralelas me cansam, pois em pouco tempo perco o fio da meada e das muitas relações existentes. Seria preciso ir anotando em folha à parte o nome de cada personagem, o que ele é e em que página aparece. Mas isso toma tempo, que é o que tem me faltado. Assim acabei lendo até o fim sem entender tudo e sem discernir perfeitamente todos os personagens.
Quanto ao Valodia do título, é um judeu ucraniano que pouco aparece. A autora chegou a ser comunista mas decepcionou-se após visitar a União Soviética em 1956. O romance reflete isso ao sugerir que Volodia, um judeu, foi mandado para uma prisão da Sibéria e aí morreu em circunstâncias misteriosas.
O livro é escrito em tom literario, sem descrições chulas, sem baixarias, mas aqui e acolá a autora paga tributo à época colocando palavras de baixo calão, sem necessidade.
Como retrato de uma época e da difícil situação dos judeus que migraram da Europa Oriental para a França, é uma obra válida e que merece ser lida pelo público adulto.

Rio de Janeiro, 21 e 22 de dezembro de 2019.
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