Espelho, espelho meu, diga se existe um livro mais despencado do que eu.

 

O livro que caía aos pedaços

O LIVRO QUE CAÍA AOS PEDAÇOS

Miguel Carqueija

 

Resenha do livro “Discos voadores” (“A história de suas aparições: seu enigma e sua explicação”), por Desmond Leslie e George Adamski. Editora Globo, Porto Alegre-RS, 1957. Tradução de Fernando de Castro Ferro e Alzira Vallandro. Título original norte-americano: “Flying saucers have landed” (Discos voadores pousaram).

 

Eu encontrei este livro há muitos anos num sebo, e já era velho e gasto. Quando fui relê-lo há pouco tempo foi bem difícil, pois já está despencado e se fragmentando.

Trata-se de uma grande reportagem do jornalista Desmond Leslie em torno dos UFOS ou OVNIS, popularmente conhecidos como discos voadores, ou seja, supostas naves interplanetárias vindas de outros mundos.

Buscando provar que o fenômeno não surgiu na década de 1940 com os misteriosos “combatentes fantasmas” ou objetos por vezes minúsculos (hoje seriam chamados “drones”) que eram vistos em combates aéreos da Segunda Guerra Mundial, Leslie expõe uma comprida relação de avistamentos listados desde 1619, com destaque para o século 19, cheio de ocorrências desse tipo.

Para terem uma idéia vou pinçar alguns casos:

“1619 – Fruelen, Suíça. Um enorme e resplandecente objeto muito longo foi visto pelo Prefeito Christopher Schere, sobrevoando um lago (...)

1779 – 7 de junho – Bolonha, França. Vôo de numerosos discos brilhantes a passar sobre a cidade (...)

1835 – 11 de maio – Discos luminosos vistos por Cociatore, um astrônomo siciliano (...)

1866 – 6 de novembro – Um disco vermelho esplendoroso visto durante três minutos antes de desaparecer no céu; observado pelo cônsul britânico em Cartagena, Colômbia (...)

1906 – 2 de junho – Golfo de Oman. Raios de luz a rodopiar, vistos na água perto de um barco, informa um Sr. Carnegie, de Blackheath, Kent.”

A lista é meio cansativa mas o autor vai mais longe, buscando relatos encontrados nas escrituras de antigas religiões orientais. O livro acaba derivando para o campo esotérico, o que a meu ver prejudica. A parte final foi escrita por um astrônomo amador, Adamski, que afirma ter conversado com um visitante de Vênus.

Embora a leitura seja até atraente, as informações dadas na época — primeira metade da década de 1950 — não foram confirmadas pelos satélites e sondas que vêm explorando o Sistema Solar desde a década seguinte. Atualmente é difícil acreditar em outras civilizações no Sistema Solar, restando a hipótese de que os UFOS venham de outros sistemas.

Os elementos apresentados merecem exame de outras pessoas que não o crédulo Leslie e os muitos incrédulos mencionados, há que haver um equilíbrio nesse assunto polêmico.

 

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2021.