Deedlit e Parn na guerra

DEEDLIT E PARN NA GUERRA

Miguel Carqueija

 

Resenha do romance de fantasia “O deus do fogo”, de Ryo Mizuno e Hitoshi Yazuda, volume 2 das “Crônicas das Guerras de Lodoss”. Ilustrações: Yutaka Izubuchi. New Pop Editora, sem data. Título original: “Shinsoban Lodoss to senki”, volume 2, “Honou no majin”, Kadokawa Corporation, Tokyo, Japão, 2013, “copyright” 1989 dos autores. Tradução: Suellen Sato Ide.

 

Na continuação de “A bruxa cinzenta” reencontramos a dupla de aventureiros Parn, o cavaleiro livre, e Deedlit, a elfa nobre. Passaram-se dois anos desde a Guerra dos Heróis e da morte de Ghim. Parn e Deedlit erram por Lodoss procurando Wood-chuck, o ladrão (“ladino”, como usavam chamar na saga) que fizera parte do grupo na campanha contra a bruxa Karlla, entidade que vivia numa tiara e dominava corpo e mente da Princesa Laillia, do reino de Valis. Wood-chuck apossara-se da tiara e fugira disposto ao risco, pois sua mente também poderia ser dominada.

A dupla acaba se envolvendo na guerra civil do reino do deserto, Flaim, onde conflitam as tribos do vento e do fogo. Parn e Deedlit aliam-se ao Rei Kashoe, amigo de aventuras anteriores. O reino da tribo do fogo é liderado pela Nardia, jovem de grande valentia, assessorada pelo mago Azmo, que fez um pacto com o “deus-guardião” do fogo. Azmo planeja se livrar de Nardia e chefiar a tribo.

Deedlit, nos seus contatos com os elementais, adquire mais poderes e é um elemento fundamental da trama.

Eu confesso que não gosto muito dessa história de “deuses”, ou seja, mitologia, porque o conceito da Divindade é que só pode existir um Deus, e não “deuses” que ocupam lugar no espaço. Esses conceitos pagãos dominam a saga de Lodoss, mas incomodam pela sua total inverossimilhança.

Parn é um herói muito sofrível. Embora cavalheiro é antiquado e acha — isso é dito explicitamente — que as mulheres deveriam ficar em casa, cuidando dos filhos. Por isso é com relutância que ele trabalha com Deedlit, que, sendo uma elfa nobre, é poderosa o bastante para não precisar ser protegida. Deedlit tem mais de 150 anos mas parece uma adolescente, e Parn mal se dá conta da antiguidade da sua companheira de aventuras. Deedlit é, de longe, a personagem mais charmosa da história.

Dessa vez Deedlit e Parn trabalham com novos personagens, três mercenários de Flaim que servem à tribo do vento: Shurd, Marsh e Deni: um tipo afetado, um gigante musculoso e um sujeito atarracado com um jeito sádico. Embora Flaim seja considerado um reino, está dividido em dois grupos, as tribos do fogo e do vento.

A saga de Lodoss — uma grande ilha ou um pequeno continente — é interessante e tipo RPG, pega as mídias do mangá e do animê. Como romance, este segundo volume é menos interessante que o primeiro. Eu teria preferido que Nardia, líder da tribo do fogo, fosse preservada, o que não aconteceu. Uma pena, pois ela tem forte personalidade e poderia ser reutilizada na epopeia. Porém, mesmo personagens importantes podem morrer.

 

Rio de Janeiro, 7 de agosto de 2022.