Chantagem sobre a Terra

 

CHANTAGEM SOBRE A TERRA

Miguel Carqueija

 

Resenha do romance de ficção científica “Pânico no satélite”, por Hugh Walters. Galeria Panorama, Alphagide (Damares), Portugal, Série Antecipação 28, sem data. Tradução de Eduardo Saló. Título original: “Terror by satelite”.

 

Esta novela tem um esquema simples e fácil de entender. Tony Hale, um mecânico, construiu um transmissor radiofônico e o levou clandestinamente para o observatório orbital onde iria trabalhar. Sabia de antemão da fama de tirano do comandante Hendricks, considerado um cientista brilhante. No entanto costumava se isolar no laboratório — onde ninguém mais tinha acesso — e nos seus aposentos particulares, no centro do satélite, uma típica roda espacial com seu eixo central.

Autor de obras de FC com embasamento técnico, Walters constrói um enredo interessante, com um comandante que enlouquece e resolve simplesmente dominar o mundo. Para isso inventa uma máquina que direciona para a Terra radiações que destroem as plantações e começa a acabar com a agricultura se não for reconhecido como chefe do planeta. Impõe o terror à tripulação, pois é o único a bordo que dispõe de arma. Tony, então, começa a se comunicar com a Terra para dar notícia do que se passa lá em cima.

Tudo se resume a dominar um homem que se isola em seus aposentos e quando vai nas outras partes do satélite impõe respeito com sua arma mortífera. Então serão necessárias astúcia e audácia para vencê-lo.

Não chega a ser muito verossímil porém mantém o interesse até o fim.

Um detalhe é que essa história não tem mulheres. Na ficção científica dos anos 40, 50, 60, é comum que as mulheres fiquem em segundo plano ou até sejam totalmente ignoradas, como aqui. E no entanto, quando a Astronáutica surgiu de verdade, as mulheres começaram a participar muito antes que existisse uma verdadeira plataforma espacial.

Fora isso a história é boa, embora seu desfecho seja previsível.

 

Rio de Janeiro, 19 de junho de 2022.