A Incendiária

A Incendiária  

"Eu sou o incendiário do sistema... Eu toco fogo, eu toco fogo, eu toco fogo, eu ponho na Babilônia". Recorrendo a resumo simplório: Charlie, uma paranormal de capacidade elevada, foi gestada após a união de um casal que anos antes se voluntariou para ser submetido a um estranho experimento científico orquestrado pelo governo. A experiência rendeu a Andy e Vicky inesperadas habilidades psíquicas, no entanto, nada comparável a potencialidade da garota que desenvolveu a pirocinese, capacidade de criar e manipular as chamas. Não demora, agentes tentam cravar as garras em Charlie, que conta apenas com a ajuda do pai, além dos poderes, para debelar a tirania, justificando assim os versos da canção acima, “Fogo na Babilônia”, composta por Edson Gomes, um dos maiores “Reggaeman” do Brasil.  

A incendiária, publicado por Stephen King lá pelos idos de 1980, foi uma narrativa que serviu para endossar novos preceitos do autor, deixando de lado o terror característico em uma empreitada mais estilo ficção científica. Nas primeiras linhas, a história se desenrola com o latente desespero de Andy, sentindo-se encurralado diante do cerco montado pelos agentes do governo. 

Sem sangue jorrando e desdenhando elementos como espectros, cemitérios, locais assombrados... A Incendiária explora as inter-relações humanas, vitais para o delineamento dos personagens, além de impulsionar, em vários momentos, o clima de suspense. A despeito de a história ter alguns atrativos, em alguns momentos peca pela ausência de fluidez. Apinhada de flashbacks, por vezes passa a impressão de que passagens mais breves e frenéticas a tornariam mais leve, culminando com uma experiência diferenciada.  

Ou talvez, o objetivo do autor tenha sido, exatamente, deixar a obra mais onusta, reclamando por constante atenção, afinal, A Incendiária não pretende ser um mero entretenimento, mas sim o registro minucioso da trajetória grandiosa da protagonista. E se, como em outra música, Edson Gomes reclama por “um super-homem que faça mudanças imediatas”, no livro Charlie assume as direções, afinal não é necessário ostentar um S no peito para realizar ações extraordinárias.

Rafinha Heleno
Enviado por Rafinha Heleno em 22/09/2022
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