Crônicas de José Segal

CRÔNICAS DE JOSÉ SEGAL

Miguel Carqueija

 

Resenha do livro “A noite contou”, de José Segal. Distribuição: Sol e Mar Distribuidora de Jornais e Revistas Ltda. Niterói-RJ, 2ª edição, 1998. “Copyright” de José Segal, 1997. Prefácio: Daniel Camarinha da Silva. Inclusa na obra a poesia “Cigana”, por Mariná de Moraes Sarmento.

 

José Segal é autor conhecido, mas eu não o havia lido ainda. Este seu livro, edição do autor, tem coisas interessantes. Há contos, até de fundo oriental; há uma auto-entrevista (perguntas que a noite teria feito); reminiscências de família, crônicas e pensamentos. E até anedotas.

Não que seja uma obra-prima. É um livro mediano, heterogêneo. Nos pensamentos encontramos algumas jóias:

“Quando encontrares a luz, não a negues aos que ficaram nas trevas.”

“A gratidão é fruto de grande cultivo, mas não será encontrada entre gente grosseira.”

“Cedo ou tarde, teremos que vencer nossos medos.”

“Jamais culpe os outros pela situação em que se encontra. Somos o que somos graças exclusivamente às nossas próprias opções. Se necessário for, aprenda a conviver com a pobreza honesta, dedique-se a coisas mais importantes que levar ouro para a sepultura.”

“Celebridade é a pessoa trabalhar duro a vida inteira para ser conhecida e depois usar óculos escuros para evitar ser reconhecida.”

Mas eu gostei mesmo das homenagens prestadas ao pai, Francisco, natural da Romênia, e à mãe, Elisa. Sobre o pai, lances pitorescos e singelos.

“Há anos te perdemos! A saudade é imensa, mas o amor que deixaste é maior. Jamais morre quem, no coração dos vivos, vive eternamente.”

Imigrante, o pai do autor adaptou-se bem no Brasil, trabalhou, fez um patrimônio, ajudou pessoas amigas e a Igreja Católica, mesmo não sendo católico. E era muito honesto, a ponto de devolver dinheiro que o caixa do banco entregou a mais, mesmo tendo sido tratado com grosseria. E criou quatro filhos, todos homens.

Quanto a Dona Elisa, José Segal conta como sua mãe era uma mulher muito religiosa. Era generosa. Comprava o peixe na porta de casa (os hábitos mudaram muito) e sabendo que os peixeiros levantavam de madrugada e saíam até sem alimento para fazer as entregas, ele oferecia café da manhã ao entregador: café, leite, pão com manteiga “e mais algumas guloseimas”.

Enfim, uma leitura leve e com assuntos pitorescos e singelos.

 

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2022.