Arsène Lupin: a garota de olhos verdes

ARSÈNE LUPIN: A GAROTA DE OLHOS VERDES

Miguel Carqueija

Resenha do romance policial “Arsène Lupin e a garota dos olhos verdes”, de Maurice Leblanc. Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda., selo Primus, 2021. Título original francês: “La demoiselle aux yeux vert”. Tradução: Francisco José Mendonça Couto.

Desta vez o nome utilizado por Arsène Lupin é Raoul de Limézy. Mais uma vez uma intriga complicada e patética, com antigos segredos de família.

“A jovem quase desmaiou. Compreendia, também ela, o significado de sua perturbação. As vozes do passado, daquele passado misterioso que ela tudo fizera para não esquecer, retiniam dentro dela e à sua volta. Aquilo tudo se chocava contra as muralhas em que o granito se misturava com a lava de antigos vulcões.”

São em geral mulheres perseguidas por passados assustadores e que vêm a se desvendados por Arsène Lupin, mesmo à custa de riscos enormes, como nesse caso, em que ele e a garota são encurralados numa caverna por um espelho de água que vai subido por força de aparelhos hidráulicos.

O que me irrita em Arsène Lupin é que ele tem praticamente uma mulher por aventura e se apaixona por todas, mas são paixões fugazes. Lupin é um aventureiro galante que se imiscui na vida de donzelas em perigo, como Aurélie, que se refugia num convento para escapar a uma perseguição. Como outras, ela reluta em aceitar a ajuda de Lupin.

“Vá embora. Eu estava em paz aqui. O senhor se imiscuiu em todas aquelas coisas... em todas aquelas coisas infernais.

— Felizmente — disse ele. — E, da mesma forma, vou ter que me imiscuir em todas aquelas que estão sendo preparadas. Pensa que Marescal renunciou à sua pessoa? Ele está no seu encalço atualmente. Vai descobrir suas pegadas até este Convento de Sainte-Marie. Se a senhorita passou aqui alguns anos felizes na infância, como suponho, ele deve saber e virá.”

Geralmente falta inteligência e sobra empáfia nos adversários de Lupín, a quem ele zoa constantemente, como o Marescal dessa história.

Para quem aprecia aventuras anarquistas, os romances da série Lupin são um prato cheio.

Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 2023.