O tradutor cleptomaníaco - Dezső Kosztolányi

O autor é Dezső Kosztolányi, mas podemos chamá-lo também de Kornél Esti...

Dezső Kosztolányi - O tradutor cleptomaníaco e outras histórias de Kornél Esti, São Paulo, Editora 34, 2016

O livro já se mostra agradável a partir da capa (que infelizmente não se pode mostrar aqui), que exibe patinadores de Budapeste fotografados por Frigyes Schoch em 1907 (o original é em branco e preto; foto foi colorizada posteriormente). Neste caso, ao contrário do ditado popular, quem vê capa vê conteúdo sim, porque a boa impressão inicial prossegue e é confirmada ao longo das 13 histórias que se seguem. Foram criadas por Dezsö Kosztolányi (1885-1936), que tem como alter ego o personagem Kornél Esti, boêmio frequentador dos cafés da capital da Hungria. Onde se podia encontrar poetas, escritores, artistas enfim.

Esti às vezes é narrador e protagonista e outras vezes apenas o protagonista desses contos. Todos eles tratam do comportamento humano, geralmente de forma humorística, irônica, com pitadas de filosofia por vezes, e até mesmo de modo fantástico. Caso da primeira história, que dá título ao livro. Ela é sobre um sujeito tão afetado pela cleptomania que faz desaparecer diversas coisas (objetos, dinheiro, propriedades etc.) de um texto que traduziu. A tradução, na opinião de Esti, teria ficado até melhor do que o original, mais enxuta, mas deixou indignado o editor que a encomendou, claro.

Apreciei bastante O Tradutor Cleptomaníaco e as outras doze histórias do volume. De umas mais (o final de O Salva-Vidas é antológico; os diálogos de O Manuscrito são hilariantes), de outras menos, mas leria com muito prazer outros textos desse húngaro de nome difícil caso houvesse mais obras dele disponíveis em português. Minha avaliação desta leitura: ótimo livro. Mas você pode achar que não, sem problema.