Uma deliciosa continuação

Quem leu e se deliciou com Anne de Green Gables não irá se decepcionar ao ler Anne de Avonlea, continuação das aventuras da menina ruiva que tem conquistado o coração de leitores desde sua primeira publicação. Na sequência de Anne de Green Gables, a personagem criada por Lucy Maud Montgomery agora já não é uma menina mas uma jovem a caminho da vida adulta preparando-se para assumir o cargo de professora em Avonlea. Como podemos ver, Anne, que no primeiro livro era uma menina loquaz e desajeitada que se metia em muitas confusões agora está um pouquinho mais madura e menos atrapalhada mas ainda conserva seu espírito cheio de imaginação e idealismo. Com certeza, quem leu o primeiro livro no qual a jovem ruiva vai viver em Green Gables lembra de como Anne era desajeitada e impulsiva, cometia muitos erros e conquistava as pessoas com seu jeito espontâneo e afetuoso. E, nesta deliciosa sequência, ainda temos as presenças de Marilla, Rachel Lynde, Gilbert Blythe e Diana Barry, a melhor amiga de Anne Shirley.

Agora, aos dezesseis anos, Anne Shirley está prestes a iniciar uma nova etapa na sua vida, na qual assumirá responsabilidades, pois logo começará a trabalhar como professora e tem vários ideais acerca de como trabalhará com seus novos alunos na escola de Avonlea. Ela também é membro da Sociedade de Melhorias de Avonlea junto com Gilbert e outros jovens e tem vários desafios a enfrentar: além de ensinar, tem que cuidar de Green Gables junto com Marilla, por quem desistiu do sonho de entrar numa universidade. À medida que vamos lendo as páginas do livro, vemos Anne se deparando com os inevitáveis desafios de conciliar seus ideais com as exigências da vida prática no trabalho de professora, suas dificuldades em lidar com o vizinho, um rabugento senhor chamado Harrison e uma situação inusitada: uma prima distante de Marilla morre e ela acabará por ter de cuidar, junto com Marilla, de um casal de gêmeos, Davy e Dora. Enquanto Dora é quieta e adorável, Davy é traquinas e questionador. Anne, com seu espírito bondoso e compreensivo, vai enfrentando todos os seus desafios na vida pessoal e profissional com muita coragem e boa vontade.

Em Anne de Avonlea, nós não nos deparamos com uma Anne diferente mas sim com uma Anne mais amadurecida, que está aos poucos deixando para trás a sua meninice e se tornando uma mulher. Enquanto tenta dar o melhor de si como professora, ela se afeiçoa a Paul Irving que, assim como ela, tem um espírito cheio de imaginação. Anne também tem de dar o seu melhor ao tentar educar Davy e Dora junto com Marilla, já que lembra de sua própria condição de órfã que vivia abandonada antes de ser adotada por Marilla e Matthew. Em todos os capítulos, ela lida com as surpresas da vida com bastante coragem e otimismo e continua contagiando a todos com o seu jeito romântico e sonhador.

Devagar, Anne vai superando dificuldades, aprendendo com seus erros e fazendo novas amizades como a senhorita Lavendar. Se Anne de Avonlea não tem o gosto da novidade de Anne de Green Gables, temos que admitir que a prosa vibrante de Lucy Maud Montgomery continua a nos encantar e que Anne Shirley é um personagem atemporal que não esquecemos mesmo depois de terminar a leitura pois, ao terminar Anne de Avonlea, continuamos a querer saber quais serão suas próximas aventuras.