Sobre Georges Bataille

Eu sinto que a pornografia é o significante da literatura de Bataille, ela é o que emerge, o fenômeno visível, escondendo debaixo de sua saia uma significação que, ao passo que é enigmática, é extremamente simplória. Por mais francês que seja, Bataille é o autor da desrazão, do não-senso. Suas palavras deslizam em um campo de imanência singular, inatingível e inexistente. Por mais que esconda a sensibilidade de um coração inconsolável, a pornografia não é contingente em sua escrita, ela é seu modo (e sua condição) de existência. A verdade é que dá tesão ler Bataille, e também dá medo. A gente fica excitado lendo sobre angústia, Deus, antropologia, dinheiro. A gente fica molhadinho. A pornografia de Bataille nos faz escapar e nos mergulha no extremo do possível, é uma experiência de dissolução, de inex-istência. Tudo perde o sentido, o sol é um olho, uma mãe é uma amante, a boceta é o mar e Deus uma puta.