Solaris - Stanislaw Lem

"Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda." - Jung

Uma leitura sensorial, que alterna entre instigante e fluida e arrastada e técnica. Não se sabe a data em que os eventos ocorrem e embora seja tudo aparentemente futurístico há alguns aspectos retrôs ali, por exemplo, a biblioteca, as portas, o rádio preso numa sala específica.

Solaris, esse oceano gelatinoso regido por dois sóis, um azul e outro vermelho, é inteligente.

Pra quem curte, recomendo assistir Star trek: Voyager T04xE24: Kim, ao entrar em contato com um líquido rico em deuterium, esse líquido faz uma cópia exata dele e basta respirar o ar tóxico do planeta para que a cópia seja feita. Até mesmo as cores do planeta lembram Solaris.

E claro, recomendo assistir a adaptação feita por Tarkovski, que é tão contemplativa e sensorial quanto o livro (típico do Tarkovski).

“Você acha que ele não vai ter coragem de submeter aquele plano para a aprovação daquele areópago esclerosado, que nos mandou aqui como redentores dos pecados alheios? Você tem razão, ele vai se acovardar... mas só por causa do chapeuzinho. Sobre o chapeuzinho ele não vai contar pra ninguém, tão corajoso assim ele não é, o nosso Fausto…”

Esse planeta inteligente, cumpre o papel de um deus que cria à imagem do já existente (na mente).

Um deus imperfeito e em evolução.

Como a criação do planeta sempre era num aspecto repulsivo, naquilo que as pessoas não queriam lidar, elas tentaram (falhando miseravelmente – e aqui entra a parte técnica, do que são formados os “hóspedes” e o por quê de sua indestrutibilidade) de todas as formas se livrarem daquilo.

É basicamente sobre exploração extraterrestre, cujos cientistas se voluntariam e até se esforçam para ir e participar dessa descoberta assim como os soldados que vão para a guerra. E tudo o que lhes acontece. Resumindo, é uma alegoria à descabida sede humana de conhecimento e progresso além das fronteiras terrestres, sendo muito aqui ainda tão desconhecido, principalmente a psique.

“Alguém enfim deveria? Você está sentado aqui, você, criança no matadouro, e os pelos estão crescendo... De quem é a culpa? Responda você mesmo...”