A busca do sentido pelo conhecimento

A obra “A Ilha do Conhecimento: os limites da ciência e a busca por sentido” de Marcelo Gleiser é uma fascinante reflexão com aula e nuances do conhecimento da natureza da realidade com propósito de compreender o universo conhecido. O próprio autor reconhece os limites da ciência e faz a autocrítica necessária o que se conhece é uma fração ou percepção da realidade cognoscível. Na primeira parte do livro, aborda sobre a origem do mundo e a natureza dos céus, apontando o que tem de acreditar mais do que a religião passou a visão dela, quando teve seu papel de interpretar, como também a exploração da criatividade científica do que é observado. A dualidade da fé e ciência são incompatíveis nas suas interpretações da realidade. Contudo, cada uma tem o seu papel histórico para proporcionar respostas. A religiosidade passa a ideia da transcendência da situação histórica. A cada etapa da história, os físicos deixaram suas impressões e contribuições da natureza como Newton e Einstein, militantes engajados no conhecimento. Observa-se que além do espaço e do tempo, as explorações das religiões confrontaram a questão da origem de todas as coisas. A religião atribui a um criador, a uma causa. A ciência pondera a criação quântica do universo a partir do “nada”, que seria parte do multiverso. A missão é buscar a origem de todas as coisas. O devir e o ser são questões de encontrar o princípio da origem das coisas, que os filósofos contribuíram na visão deles, até chegar aos astrofísicos de hoje. As manifestações naturais são mecanismos internos. Os pré-socráticos como Anaximandro, Demócrito, Leucipo, entre outros, contribuíram imensamente para o pensamento racional, saindo da zona mitológica do pensamento como respostas sobre a natureza. Já, Platão com seu sonho e suas lições ilustra que a verdadeira realidade está no mundo das ideias que a mente pode captar nas abstrações, mas que a realidade física leva para o mundo da escravidão das aparências. Platão entende que o mundo foi forjado pela natureza pela semente das coisas. Os instrumentos, por sua vez, transformaram as visões de mundo, que descrevem com criatividade o mundo com as visões de cada época. Predominou por muito tempo a visão aristotélica, da visão estática do mundo como centro na vida humana. Contudo, Copérnico mudou drasticamente a visão oficial do mundo aristotélico ocidental tendo a Igreja como guia. Copérnico mostrou que é o sol o centro e não a Terra. Mas, foi Galileu e depois Kepler que solidificaram a observância de Copérnico a respeito do cosmo a descobrir. Assim, a redoma celeste foi se despedaçando. Isaac Newton foi o inaugurador em pensar a realidade como ela é, observando a gravidade das coisas e dos objetos, nas leis de atração, de corpos maiores atraírem corpos menores. A ciência, assim, tornou-se a grande narradora da natureza, com argumentos bem construídos racionalmente e com seu imenso poder da abrangência da observação de todas as coisas e devida flexibilidade, o que a fez desenvolver como a grande protagonista de ver o universo. A plasticidade do espaço cedeu as explorações da relatividade especial e geral de Albert Einstein com implicações de relativizar o espaço e tempo conforme de onde se observa e em quais pontos se considera a medida do próprio universo. O universo inquieto observado de monstra que está em expansão e sua singularidade com a sua origem no decorrer do tempo aponta até que ponto a humanidade pode conseguir chegar a sua compreensão. Percebe-se que o agora não existe, tudo é de acordo com o que o conhecimento humano concebe e evolui nos seus próprios conceitos. Há uma cegueira cósmica do conceito do horizonte cósmico, pois o conhecimento humano é limitado e difícil de conhecer, plenamente, todo o universo. Ao dividir infinitos, a exploração do universo e pensar existência de vários universos, faz a mente humana não saber aplicar a cosmologia estudada, principalmente, quando se trata da realidade quântica. Ao rolar ladeira abaixo do conhecimento, a energia do vácuo falso mostra uma relação com bóson de Higgs, denominada "partícula Deus", que sustenta a estrutura de todas as coisas do universo conhecido, o que alimenta mais ainda a compreensão da aceleração da expressão cósmica. Ao contar universos, o conceito do multiverso ainda é explorado abstratamente sem demonstração física, mas que se recorre as possibilidades metafísicas da natureza, o que pode parecer um absurdo para o conhecimento humano. O interlúdio do vale das cordas, através de conceitos dos buracos de minhoca, ou supercordas, possibilita previsões e implicações antrópicas a viajar pelo universo a distâncias astronômicas, ou talvez conhecer outros universos. Daí, a pergunta se o multiverso pode ser detectado, saindo do mundo da fantasia para a física, que em teoria é considerado possível. O bóson de Higgs faz lembrar o éter desconhecido. A natureza última da realidade ainda é uma barreira insuperável do desconhecido. Na segunda parte do livro, Gleiser aborda sobre a pedra filosofal ao átomo, como natureza elusiva da realidade. Para ele, tudo flutua no nada para procurar explorar as ideias gregas sobre o atomismo, unidade invisível e indivisível que propicia as estruturas todas que existem no universo. O ser é atemporal, impérvio à passagem do tempo, o que pode representar a realidade em fluxo para desvendar os mistérios da natureza. A admirável força e eficácia da arte e da natureza vislumbra o mundo da alquimia, que pretende explorar os poderes ocultos da natureza de modo metodológico, o que rompe uma distorção para a magia e o esoterismo. É importante notar que a alquimia ajudou e muito o desenvolvimento da ciência e a compreensão da natureza, apesar do seu ar místico. A natureza elusiva do calor explora o flogisto e o calórico como substâncias bizarras para explicar a natureza, que foram descartadas após sua teoria falhar. A misteriosa luz com suas propriedades misturaram as revoluções da física no século XX, quando aplicaram as teorias óticas de Newton. Aprende-se a aceitar que a física quântica é possível quando considera os limites da própria física clássica sobre o mundo. As intrépidas aventuras do antropólogo Werner observa que a física quântica pode ser medida para compreensão da natureza. O que ondula o mundo quântico é exploração bizarra da física quântica (do muito pequeno para o máximo, o enorme do mundo físico), o que deixa o conhecimento humano confuso sobre o universo, conforme observou Max Born sobre a noção da realidade. O que se pode saber sobre o real são parte agora da exploração das implicações da física quântica sobre a compreensão da realidade. Quem tem medo dos fantasmas quânticos são aqueles cientistas que acham que têm a resposta para tudo sobre o universo, sendo que tem muito a explorar e desvendar o cosmo. Discute-se a teoria de John Bel de como é possível implementação experimental sobre a realidade, para deixar de lado a ficção das possibilidades e da fantasia. A mente humana examina o mundo quântico com razão e imaginação para ter uma lógica e inspiração para compreensão da verdade. O enigma quântico sempre se volta ao começo, ao princípio de tudo, que sempre há novas formas de interpretação. Muitos dos físicos fizeram uma busca da visão do mundo material com o mundo espiritual, o que deixa a física quântica em potencial, entre a onda e partícula, probabilidade ampliada descrita. A consciência volta a ter importância sobre variável da equação da realidade. Exemplo de não quantificação da matéria é o fóton, quando não se determina sua medida e localização. A verdade é que a ciência não tem todas as respostas para todas as perguntas, mas sua missão é a busca pelo conhecimento da verdade da realidade da natureza. Na terceira parte do livro, aborda-se sobre a mente humana e a busca por sentido entre as leis humanas e as leis da natureza, que são bem distintas. A matemática fica algo como incógnita se é descoberta ou invenção, dai vem os partidários de cada posição a respeito. O que importa é que a matemática existe para auxiliar a razão humana na compreensão das coisas, sejam elas concretas ou quânticas (abstratas). A incompletude da ciência e da própria condição humana faz parte da exploração em missão. Os sonhos sinistros das máquinas transumanas são obsessão de quem acredita que pode criar um ser superior ao ser humano, mentalmente, mas que na verdade, sempre vai ser algo originado pelo próprio ser humano criador. Na verdade, o mundo é informação para a consciência, que examina a natureza do universo e de tudo o que existe, o que pode ser a realidade ser ou não uma simulação para o ser humano, enquanto consciência. A veneração ao mundo e o significado buscado na reflexão sobre o desejo de saber fazem parte da condição humana que sempre busca e explora o desconhecido no mundo conhecido. O intelecto humano expressa a profunda humanidade existente que prossegue sua motivação em ser ciência, conhecimento da natureza na exploração do oceano do desconhecido. Na verdade, a ciência é uma busca sem fim, sem objetivo final, o que faz a esperança sobre saber e conhecer suplantar a própria ignorância. O mapa da realidade é um mosaico de ideias em constante transformação, o que potencializa a transformação da visão de mundo, quanto a novas descobertas. A atração humana pelo mistério é o que faz o ser humano evoluir, alimentar pelo apetite do novo, venerar o saber na busca de sentido, celebrar para ampliar a Ilha do Conhecimento a fim de abraçar o futuro. O livro é magnífico e atualizado no mundo do astrofísica, com recheio filosófico e histórico sobre o conhecimento humano. Quem gosta de se aventurar no mundo do conhecimento, é leitura obrigatória.

Lúcio Rangel Ortiz
Enviado por Lúcio Rangel Ortiz em 09/05/2024
Código do texto: T8059781
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