Lucíola

LUCÍOLA

"Lucíola" é um romance de um dos autores mais representativos do Romantismo brasileiro: José de Alencar. Esse autor atuou em todos os temas da escola literária romântica do Brasil (romance regionalista, romance urbano, romance rural, romance indianista e romance histórico).

Juntamente com outras duas obras, "Diva" e "Senhora", "Lucíola" integra uma trilogia que ficou conhecida como “perfis femininos”.

"Lucíola" apresenta a história de um relacionamento amoroso considerado impossível de se realizar, numa obra plena de moralismo e sentimentalismo como é próprio da literatura romântica, e, mais ainda, de José de Alencar.

Utilizando-se de uma estratégia narrativa muito explorada na literatura e que serve para dar veracidade ao texto – a técnica das cartas que se transformam em livro - o autor criou um narrador-personagem que escreve sua história para uma suposta senhora sem nome. O personagem de Paulo tenta, pelas cartas, se redimir de um amor visto com maus olhos pela sociedade. Ele se apaixona por uma prostituta, Lúcia, e vive com esta um relacionamento bastante conturbado. Por parte de Paulo há uma desconfiança e uma inconstância de seus sentimentos por Lúcia. Inconstância esta que não existe da parte dela.

Estabelece-se, então, um paradigma do ideal romântico. A moralidade interior e o sentimento de culpa estão presentes na personagem de Paulo. Este se preocupa com a sua imagem, seu “status”, quer respeito. Ele retrata a figura de uma sociedade de classe alta e que é extremamente moralista, em que as aparências são fundamentais para manter a “ordem”. A repressão está presente na narrativa com os comentários da sociedade em relação ao caso de Paulo com uma prostituta.E a punição deste relacionamento imoral se dá pelas próprias consciências de Paulo e Lúcia. A antes prostituta pervertida passa a sofrer com a sua conduta, pois, ao se apaixonar por Paulo, não se considera digna de uma relação séria, de um sentimento puro que é o amor.O amor é visto como impossível de se realizar e o narrador-protagonista tenta desculpar as atitudes de sua companheira no tom dramático dado às suas cartas.

Todo o romance é baseado no moralismo fazendo sofrer as personagens protagonistas através de um conflito interno em que pesam as consciências. E também traz o falso moralismo como máscara de uma sociedade rígida, hipócrita e conservadora.

José de Alencar faz, através deste romance, mais uma crítica social aos costumes da sua época. Ele constrói um narrador que tenta o tempo inteiro se justificar e deixa nesta, assim como em todas as outras obras, uma “moral da história” que se pode facilmente decifrar pelo final trágico e sentimentalóide.

Próprio do período romântico, a ordem e a moral são características que José de Alencar explorou demasiadamente e que possuem um alto valor de idealização romântica.