Nova Antologia Poética - Vinicius de Moraes

Nova Antologia Poética Vinicius de Moraes

Seleção e Organização: Antonio Cícero e Eucanaã Ferraz

Editora Companhia das Letras – Ano: 2003

Nas palavras de Antonio Candido, “ Vinicius de Moraes é um dos poucos poetas que conservaram no seio da modernidade toda a força da grande tradição lírica da Língua Portuguesa. De certo porque não teve medo de ser profundamente humano em tudo o que escreveu. A sua poesia combina de maneira admirável o requinte da fatura com a expressão íntegra das emoções. A espontaneidade foi a sua mais bela construção.”

Li a Antologia com muito gosto e me deleitei com seus escritos página à página. Vinícius de Moraes me cativa por muitos motivos. Primeiro e principalmente pela sua humildade (ao menos o que transparece em seus escritos). Coloca-se como pequenino e louva com as mais refinadas expressões os poetas que lhe roubaram admiração como Manuel Bandeira, Drumond, Neruda... Num trecho que gostaria de registrar ele escreve para Drumond: “...dá-me...um carrinho de mão de tua bosta com que fertilizar minha poesia...” Tremenda sua humildade e simplicidade na descrição. Para mim, isso é uma das coisas que o faz grande.

Segundo, Vinicius é todo sentimento. Em uma elegia que escreve na morte do seu pai, não pude deixar de emocionar-me quando ele descreve poeticamente seu amor de filho por um pai pobre, mas que representou muito para ele. “Deste-nos pobreza e amor. A mim, me deste a suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar.” É um texto tão extenso quanto lindo que descreve belamente a representação de um pai.

Terceiro, gosto de Vinicius pela forma como ele gosta das mulheres... como descreve em Receita de Mulher. Bem à moda Pablo Neruda.

Enfim, Vinicius, é um poeta que louva as coisas simples da vida, e sobre elas escreve lindamente, abusa do mar, do calor, dos maiôs que lhe extraíam sentimentos e versos.

Seus sonetos dispensam comentários. Falam por mim, por você, pelo amor.

Enfim há somente uma coisa que Vinicius poderia ter moderado na minha minúscula opinião, mas que enfim acaba atraindo quase todo poeta: descrever a morte.

No geral, a Antologia é muito envolvente e agrada aos mais variados gostos nem mesmo dispensando as crianças de lê-lo em “A arca de Noé” e “A casa”, tão agradáveis quanto recordar nossa infância.