O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA - JOSÉ SARAMAGO

O conto da ilha desconhecida de José Saramago reúne elementos essenciais necessários a sobrevivência de qualquer individuo. Um conto magnífico que relata a força que impulsiona o homem, a idealização e a busca de um objetivo ou sonho lançado, astúcia e a necessidade de se fazer convincente para realização da conquistas de seus ideais.

Evidente no conto o ensinamento da questão a qual: .(..) “não nos vemos se não nos saímos de nós, Se não nos saímos de nós próprios (...)” Saramago descreve em sua obra o elemento vital para a sobrevivência em um mundo complexo e, em muitas vezes, desconhecido.

O enredo segue a partir da atitude de um homem bater a porta de um rei, pedindo que ele o atenda para ajuda-lo a realizar um grande desejo, passando por cima da burocrática regra de protocolo, imposta a ser seguida, nunca anteriormente infringida.

O homem para ser atendido pelo rei, passa a ficar durante três dias diante da porta das petições. Enquanto o rei, esperto, fica a maior parte do tempo, na porta dos obséquios, uma porta a qual ele recebe os presentes e agrados de seus súditos.

Não era comum que alguém ficasse tanto tempo na porta das petições mesmo porque (...) “ali só podia atender um suplicante de cada vez, donde resultava que, enquanto houvesse alguém à espera de resposta do rei, nenhuma outra pessoa se poderia aproximar a fim de expor as suas necessidades ou as suas ambições”.

(...) “A primeira vista, quem saia ganhando com o homem a porta à espera era o rei porque assim, era menos pessoas que lhe incomodava e tinha mais tempo de descanso, para receber, contemplar e guardar os obséquio”.

“À segunda vista, o rei perdia e muito, porque os protestos públicos, ao notar-se que a resposta estava a tardar mais do que o justo fazia aumentar gravemente o descontentamento social, o que, por seu turno, ia ter imediatas e negativas conseqüências no afluxo de obséquios”.

Quando o rei resolve atender o homem, este expõe o seu desejo: um barco para ir ao encontro da ilha desconhecida. O rei o questiona e lhe diz que não há mais ilhas desconhecidas e resiste para atender o pedido do homem, tentando convence-lo que já não haviam mais ilhas desconhecidas e, caso houvesse também lhe pertencia.

O rei acaba concedendo ao pedido do homem, porque a vizinhança e as pessoas que os assistiam na fila da porta das petições começaram a gritar “dá-lhe o barco, dá-lhe o barco!!”. Perante esta manifestação não havia como o rei não atender o pedido do homem. As pessoas gritavam não para serem solidárias ao homem na tentativa de sua conquista, mas, para que assim tão logo ele saísse e desse o lugar às outras pessoas que ali esperava a sua vez de pedir.

A mulher da limpeza que era encarregada de cuidar dos afazeres do palácio e atender as pessoas que iam a porta das petições, após ouvir a conversa do rei com o homem, resolveu sair pela porta das decisões que nunca era usada. A mulher resolveu ir a busca de seu novo oficio e vocação, lavar e limpar barcos, a futura encarregada das baldeações e outros asseios. Um modo a qual o destino passava a se comportar.

Enquanto o homem vai a busca de sua tripulação, após a conquista do barco, a mulher cuida dos afazeres da embarcação. O enredo segue, a partir desse ponto, mesclando fluxo de consciência, a realidade e sonhos dos personagens.

Saramago tem uma característica própria em seu estilo literário quanto à pontuação. A leitura do conto é bem rápida, porém eloqüente, faz com que o leitor repense nos verdadeiros valores do individuo (...) “Se não sai de ti, não chegas a saber quem és (...)”.

Desejo que tenham a oportunidade de lerem o conto assim que possível e, apreciarem mais uma obra de um dos maiores escritores portugueses contemporâneo.

Um abraço a todos!