Sem Nome - Parte II

Por que senti tamanho estremecer de minha alma? O que havia de errado? Onde é que em toda a minha vida vim a sentir falta de alguém? Qual era o objetivo de tudo isso? Eu como monstro que sempre fora, jamais iria me importar com isso..

Mas parece que os deuses estavam dispostos a intervir em minha alma.. talvez queiram que a salvação banhe minha existência.. talvez queiram mostrar-me algo mais.. Quem saberia dizer?

Garanto que eu não.. chega a ser irônico tal coisa.. Um monstro onde somente a solidão e desamor abrigava.. chorando pelos amores que nunca havia vivido.. pelas esperanças e chances perdidas.. *uma gargalhada abafada* Meu semblante mudara totalmente.. as lágrimas fluíam mais intensas.. a tristeza era totalmente visível agora..

Levantei-me.. arrumei minha roupa.. uma bela calça de linho preta, sapatos sociais.. uma camisa de gola role branca.. combinado com um blaser de linho também escuro.. Meus olhos procuravam algo que não podia ser visto..

Quando virei-me determinado a caminhar em direção da praça novamente.. um sussurro triste, um sussurro frívolo.. “ A vida é muito mais do que amontoados de aventuras.. conhecerá isso, garanto”

O susto que isso me fizera ter era tão grande que estava tremendo.. imóvel.. Amaldiçoei tal sussurro.. Amaldiçoei tão intensamente que passara a gritar ao devaneio..

- Ao inferno espíritos infernais.. os deuses ou os demônios deveriam puni-los por vir a terra brincar com os seres vivos.. Mas o que estava falando.. Eu não era um ser vivo? Era? (sim, lembro que terei de tratar deste assunto mais para frente..)

- O que sabem de minha vida? O que sabem sobre viver? Almas penadas de segunda categoria.. Algumas risadas maléficas e nada visível..

*Você conhecerá.. acredite.. você conhecerá.. *

Silêncio.. Mórbido.. aterrorizante.. gritante..

Caminhei rápido.. temendo que tais coisas fossem verdades.. Desejei que tudo fosse alucinação.. Não foi? Quis que tudo fosse mera representação culminada com o local soturno e a solidão que vivera por tantos anos..

Eu auto afirmava que fora ilusão.. Mas o medo era tão real.. e tudo o que me disseram foi tão martirizante.. Ferira-me realmente.. Podia sentir tal dor..

Corri sem direção.. até o centro da cidade.. Algumas pessoas caminhavam e assustavam-se com a minha expressão de horror..

(continua)