DO AMOR

 

 

“Amar é temer perder. No momento em que deixarmos de temer a perda do objeto ou da criatura amada, teremos deixado de amar. Esse medo de perder e aquela insatisfação no possuir provam que o homem, tanto para o bem como para o mal, traz em si uma capacidade de amar que vai ao infinito. E todo o drama do amor se origina da desproporção entre a capacidade infinita de querer e a possibilidade limitada do objeto finito em dar. As coisas e as pessoas amadas nós as queremos eternas. Todo o nosso desespero vem de temermos que elas tenham de desaparecer. Somos alguma coisa de superior ao efêmero. Sinal da divindade. Evidência do Absoluto.”

 

(Fons Jansen, “Liefde” – in “Fragmentos” – Cadernos de  Leitura 1969)

 

 

 

“Para amar é preciso não considerar-se como o centro do universo. É necessário ter-se tomado consciência de que não se é completo, consciência dos próprios limites. Aquele que não está por demais preso a si mesmo, que tomou o hábito de olhar-se objetivamente, dá um passo para o amor. Aquele que recua em relação a si próprio, que cada vez menos se deixa prender nas ciladas de seu caráter, está mais livre e mais capaz de amar. O amor verdadeiro não suprime em nós o melhor, mas o pior. O amor vive mais da criação que do sonho.”

 

(François Goust – “Vida, Sonho e Amor” – in “Fragmentos” – Cadernos de Leitura – 1969)