O Delírio de Dawkins

Livro: O Delírio de Dawkins

Autor: Alister McGrath

O ex-ateu Alister McGrath, doutor em biofísica molecular e teologia, escreveu o livro O Delírio de Dawkins como resposta ao fundamentalismo ateísta do biólogo Richard Dawkins, autor do best-seller Deus, um Delírio.

Dawkins, no decorrer de seu livro de quase oitocentas páginas, deixa de ser um cientista quando passa a manipular evidências e usar de suas hipóteses como sendo verdadeiras, fazendo com que até mesmo cientistas ateus não concordassem com suas afirmações. McGrath, satirizando-o desde o título, mostra que o próprio Dawkins se contradiz, pois reclama de características religiosas, ao mesmo tempo em que é mais exagerado do que muitos religiosos.

Dawkins disse: “Se Deus criou o universo, quem criou Deus?”. Para Dawkins, a ciência explica tudo, porém quem explica a ciência? Quem explica a explicabilidade? Seria um questionamento infinito, que ele ignora ou acha que consegue responder.

“A existência, de fato, de limites para a ciência parece muito provável em razão de haver perguntas que ela não pode responder, e que nenhum avanço concebível dela a autorizaria a responder. Tenho em mente questões do tipo:

‘Como tudo começou?’

‘Para que estamos todos aqui?’

‘Qual o sentido da vida?’

O positivismo doutrinário – hoje uma peça de museu – rejeitava esse tipo de perguntas por considerá-las ilegítimas ou pseudoperguntas; o tipo de questões simplórias que apenas os charlatães se consideram capazes de responder.”

Olha quanta coisa no Universo. Se pararmos para pensar, Deus é algo improvável. Porém Deus vem de sensações, não de pensamentos ou opiniões. Os religiosos usam o que sentem como argumento contra o que os ateus pensam, e os ateus usam o que pensam como argumento contra o que os religiosos sentem.

Conheço pessoas que ouvem a "voz de Deus", que tem "visões". Só porque, para mim, é racionalmente improvável, não quer dizer que não seja emocionalmente possível. Só porque não senti, não quer dizer que outros não sentiram, ou que estejam fingindo.

Toda religião se mantém porque há algum tipo de resultado. Pessoas libertam-se de drogas, melhoram saúde, emprego e relacionamentos. Pessoas amam-se mais, são mais felizes.

“A fé é justificável, não que por isso seja comprovada.”

Admito que não sou dotado de uma fé consistente, mas considero a militância ateísta algo ridículo. É pedir para olhar para dentro, para baixo, para si mesmo. É querer tirar a capacidade de fé dos outros, só porque não a tem.

É fácil explicar o que dá para ver. Enxergar apenas até o horizonte não quer dizer que não haja nada além dele. É fácil achar quando não há nada a procurar. Estimular a razão é correto e saudável, sim, porém querer anular o Deus alheio é algo que não tem nenhuma honra.

O livro, entre outros assuntos, aborda as origens da religião e como deve ser interpretada a Bíblia, que foi escrita por homens que estavam começando a conhecer a essência religiosa.

“O fenômeno da religião é uma instituição provisória, humana, que está aberta a reforma e renovação. A missão de Jesus era desafiar as formas religiosas de seu tempo, o que, por fim, levou-o à crucificação.”

O Delírio de Dawkins é um livro curto, simples e saudável. Usa citações de cientistas, da Bíblia e de Deus, um Delírío. Alister McGrath tira claramente Richard Dawkins do campo de batalha, mantendo-se sempre coerente, pois filosofa sem exageros ou prepotências, mostrando que ciência não refuta Deus, como também que Deus não pode ser racionalmente comprovado. Um livro para quem tem muitas dúvidas, ou muitas certezas.

Cláudio Theron
Enviado por Cláudio Theron em 03/03/2008
Reeditado em 03/03/2008
Código do texto: T885176
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