Aceito suas desculpas

“...Quem disse que é errado ficar bêbado? Eu queria ser mendigo, mendigo tem coragem.[...]” – Disse Eduardo Sterblitch em seu monólogo na peça “Minhas sinceras desculpas.”

Em um desabafo, Eduardo expõe sua revolta sobre esse modo “exteriorizado” que vivemos. Essa necessidade de estar com outra pessoa para ser feliz, de estar no meio de pessoas para se sentir seguro. Na hora que ele diz que gostaria de ser um mendigo, a princípio ri. Depois ele me levou a pensar sobre como seria interessante se vivêssemos unicamente pra nós, sem nos preocupar com status, ser querido pelos outros, opiniões alheias.

Os psicólogos devem estar com suas salas cheias de gente que não consegue conviver com a solidão e de pessoas querendo que “brote” do teste vocacional a solução para seu futuro profissional.

As pessoas não se conhecem! Perdem tanto tempo querendo depositar seus anseios e frustrações nas costas dos outros, que esquecem que a única pessoa que vai estar com elas o resto da vida, são elas mesmas.

No segundo caso, a sociedade impõe mais ou menos assim: “Aos 17 anos você vai prestar vestibular. Predefina quais são os cursos que provavelmente te interessam e caso passe em algum, fique lá por quatro anos aprendendo sobre o que muitas vezes pouco te importa”. Pronto! Está criado o padrão de ser humano.

Saber o que você quer? Saber do que você gosta? Ter tempo de descobrir sua verdadeira vocação? Não... Você tem um padrão a seguir e para arrumar um bom emprego você precisa de fermento no currículo. Não importa se você por algum acaso esquecer o bisturi dentro de uma paciente, o que importa é o seu diploma da Harvard!

A mente não tem um cronograma dizendo quando sua vocação vai aflorar. Acredito que uma pessoa bem sucedida seja aquela que é feliz com seu trabalho, feliz com o que faz. E não aquela que tem dinheiro porque é advogado/economista/engenheiro. Está faltando gente que ame a profissão. Isso tudo porque as pessoas esquecem de ser “mendigos” e não ligar pra nada que é material e fútil, viver sem depender do que os outros pensam dele ou em função de algum ser humano específico. Mesmo que sem comida no estômago, arrume forças pra lutar pela vida.

Enquanto isso, na sala de análise tem um profissionalzinho de merda gastando 40% do seu gordo salário porque está em crise por ter escolhido o cursinho da moda para ganhar bem.

Vamos olhar pra dentro, galera. Precisamos nos libertar dessa dependência adquirida pelas coisas e pessoas, onde tudo que se compra é considerado necessário e tudo o que se faz tem que ser previamente aprovado. Pense, se escute, se respeite e tome decisões por você mesmo. Ou continuaremos sendo apenas robozinhos da boa conduta?

E o Eduardo tem as minhas sinceras desculpas por ter tentado abrir os olhos das pessoas em relação à sociedade.

Mariana Freire
Enviado por Mariana Freire em 25/09/2012
Reeditado em 25/09/2012
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