O Corpo Parceiro e o Corpo Adversário (de Heloisa Turini Bruhns)

1. AUTOR E OBRA

BRUHNS, H. T. O corpo parceiro e o corpo adversário. Campinas: Papirus, 1993.

Heloisa Turini Bruhns é livre docente no Departamento de Estudos do Lazer da FEF/Unicamp. Visando melhor compreender e refletir sobre o esporte profissional num processo histórico, em “O Corpo Parceiro e o Corpo Adversário” a autora investiga a relação parceiro/adversário. A obra favorece a reflexão sobre o corpo do indivíduo em relação com a cultura e com a história da sociedade industrial. (PAPIRUS, 2007)

2. SÍNTESE DA OBRA

A autora se dispõe a enfocar alguns elementos do jogo que caracterizam-se como auxiliares na descoberta do mundo através de propostas criativas mais autênticas e originais. Sua obra trata do relacionamento homem-trabalho e apresenta alternativas que levam à auto-valorização, bem como à novas respostas.

Para BRUHNS (1993), o envolvimento com o jogo deve levar ao engrandecimento do indivíduo e da humanidade, pois através dele o homem surge com sua própria obra. O corpo individual, em um processo dinâmico e constantemente renovador, relaciona-se com a arte, com a linguagem, com a ciência e contribui para a identificação e o entendimento de significados profundos.

A autora afirma que a arte compreende um componente lúdico, assim como o jogo envolve um componente artístico. O componente, para BRUHNS (1993), é um estado não-integrado da personalidade, sendo que dele emerge o estado criativo.

A atividade mental é desencadeada pelas funções da semiótica, sendo elas: o jogo simbólico; a imitação diferenciada; a representação mental; a linguagem; o desenho. Na relação com a linguagem, verifica-se a possibilidade de instauração de um intercâmbio simbólico constituído pela cultura. Esta relação se faz notar no “jogo de regras” e no “jogo simbólico”, sendo que a linguagens simbólicas constitui: o mito, o rito, o lúdico, o artístico e o metafísico.

Segundo BRUHNS (1993, p. 58), na relação entre jogo e ciência verifica-se uma superposição. Trata-se de uma relação necessária que favorece o descortinar de possíveis alternativas criativas. “O conhecimento provém de uma interação entre sujeito e objeto que implica modificações e transformações. O jogo como fator de relacionamento entre as fantasias inconscientes e o mundo externo proporcionará a formação da base do aprendizado e do conhecimento”.

A autora explica que as invenções surgem inicialmente como ilusões. Estas, posteriormente, são testadas e colocadas em prática através de um desejo de controlar. “O processo inclui: analogia pessoal (pensar em si como se fosse uma coisa); analogia direta (assemelhar um órgão a um objeto qualquer); analogia simbólica (trabalhar com palavras-chaves)”. Nos três casos, nota-se a presença de um processo criativo envolvendo um jogo de faz-de-conta. (BRUHNS, 1993, p. 59)

Em âmbito cultural, cabe ao jogo o papel de impulsor cultural. BRUHNS (1993, p. 61) compara a cultura a uma concepção analítica de jogo: “um mecanismo de defesa contra conflitos”. A autora defende que é possível desvincular origem dos jogos e a cultura de um povo ou de sua história. Para BRUHNS (1993) existe uma ligação estreita dos jogos com aspectos mágico-religiosos, assim como com determinadas cerimônias místicas. Estas são universais e mantêm estreitas relações com colheitas e fertilidade.

Por outro lado, no processo de transmissão cultural, que é a educação, os jogos assumem função metodológica. Sua dinâmica relaciona-se com a própria vida e evolução histórica. Como exemplo, a autora cita a evolução esportiva ao longo dos séculos: “alguns jogos de bola tinham associações com ritos pagãos, pois, na Inglaterra, o rolar de uma esfera fazia parte desses ritos. A modificação desses jogos em conjunto com uma série de acontecimentos culminou no aparecimento do esporte moderno”. (BRUHNS, 1993, p. 64)

A autora informa que nos idos do século XIX eram comum encontrar bonecas em trajes de adultos, o que leva a pensar que o adulto era o ideal ao qual a criança deveria aspirar por assemelhar-se. Assim, possivelmente, brinquedos teriam sido inicialmente dados (ou talvez até impostos) às crianças como forma de culto e, posteriormente, somente devido à força de imaginação das crianças, transformaram-se em brinquedos utilizados em seus jogos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações de BRUHNS (1993) são melhor compreendidas quando vinculadas à luz das informações de SLADE (1987) e de KOUDELA (2001). Esta apresenta os fundamentos do conceito de “Jogos Teatrais”, considerando o sistema desenvolvido por Viola Spolin, esclarecendo as implicabilidades do jogo dramático e do jogo teatral. Por sua vez, SLADE (1987) trata das relações da criança com os jogos dramáticos e a importância que estes assumem para seu desenvolvimento total.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRUHNS, H. T. O corpo parceiro e o corpo adversário. Campinas: Papirus, 1993.

EDITORA PAPIRUS. Disponível na Internet em <http:// www.papirus.com.br/ > Acessado em 16.06.2007.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos Teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2001, pp. 39-49.

SLADE, Peter. O Jogo Dramático Infantil. São Paulo: Summus, 1987, pp. 17-24