QUANDO ENFIM O REPOUSO...

Quando a minha alma enfim liberta seguir para a luz

e abandonar à terra o corpo cansado da insana lida

quero descansar, finalmente, sob uma solitária cruz

que marque com a redenção, a minha fugaz partida.

Quero que um bem-te-vi faça um ninho em seu braço

e entoe nas manhãs um canto de alegria alvissareiro,

e que o vento me acolha num suave e eterno abraço,

envolvendo no primeiro raiar do sol meu companheiro.

Quero que sobre a lápide fria e impassível repouse

um poema de amor numa folha de papel bem escrito

pelo poeta dos sonhos e com um jardim me louve.

Quero também que sobre o corpo inerte de quem viveu

à margem da vida como se fosse um ladrão proscrito

se escreva um epitáfio com uma palavra apenas: adeus!

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 03/06/2008
Código do texto: T1017362