QUANDO ENFIM O REPOUSO...
Quando a minha alma enfim liberta seguir para a luz
e abandonar à terra o corpo cansado da insana lida
quero descansar, finalmente, sob uma solitária cruz
que marque com a redenção, a minha fugaz partida.
Quero que um bem-te-vi faça um ninho em seu braço
e entoe nas manhãs um canto de alegria alvissareiro,
e que o vento me acolha num suave e eterno abraço,
envolvendo no primeiro raiar do sol meu companheiro.
Quero que sobre a lápide fria e impassível repouse
um poema de amor numa folha de papel bem escrito
pelo poeta dos sonhos e com um jardim me louve.
Quero também que sobre o corpo inerte de quem viveu
à margem da vida como se fosse um ladrão proscrito
se escreva um epitáfio com uma palavra apenas: adeus!