COLAR DE PÉROLAS

Com letras de ouro desenhar quisera,

Bordadas com pedaços de safira.

Em cada estrofe um pouco de quimera,

frouxos retalhos d'alma em cada lira.

Dos céus roubara estrelas se pudera,

gotas de orvalho às nuvens eu pedira.

Punhados eu tomara à estratosfera,

para escrever, se Deus mo permitira.

Do mar descer pudesse à profundeza,

voltar trazendo rutilantes pérolas,

dessas que servem só à realeza!

Teu nome pontilhar em letras cérulas,

amada e musa, dúvida, princesa!

Fazer-te em versos um colar de pérolas.

soneto editado no livro SAFIRAS E OUTROS POEMAS, de 1960)