Metade Inteira de Minha Canção - Coroa de Sonetos


I
Enredo Incompleto

Nas horas que ecoavam meus lamentos
Os sonhos impregnados de desejos
De arrefecer um dia estes tormentos
Na úmida volúpia de teus beijos

O coração vibrando em corda bamba
Rasgando o pensamento uma só nota
Enredo incompleto que não dá samba
Porque sem harmonia o tom desbota

Nas cores majestosas, os meus planos
Viveram pacientes nesta espera
Bordando arco-íris por muitos anos

Agora se desfaz todo malgrado
Com o qual amarrotava esta quimera
És tu meu grande amor predestinado

II
Amor Predestinado

És tu meu grande amor predestinado
Nas linhas desta vida fugidia
Onde buscava este incenso perfumado
Cada vez que uma boca a mim sorria

Sorriso tão disforme e amarrotado
Porquanto não queimava e nem sentia
A centelha que dá um nó e faz bordado
E ao coração acende a chama fria

Agora, pois que sabes meu segredo
Do grande amor a ti já declarado
Descansa na volúpia deste arvoredo

Pois, trago no regaço da minh’alma
Vinho forte de buquê adocicado
Num odre de candura que se espalma

III
Odre de Candura

Num odre de candura que se espalma
Eu bebo desta fonte tão sonhada
E mato a minha sede em doce calma
Na alcova de uma alfombra algodoada

Eu desperto como a terra orvalhada
Em êxtase para viver a vida
Ouvindo de teus lábios a toada
Que um dia foi por mim, a preterida

Então, dou-te meu amor por juramento
No enleio da canção que me convida
Adentro neste imenso firmamento

Na íris de teus olhos, cravejado
Eu vejo minha imagem refletida
Brindando-me um sorriso tão dourado

IV
Na Linha de Teu Verso

Brindando-me um sorriso tão dourado
Eu te encontrei neste mar de poesia
Na linha de teu verso revelado
O reverso da dor que ainda sentia

E eu cá nesta infinita solidão
Debaixo deste céu meu vigilante
Dois olhos tão azuis na imensidão
Olhavam a esperança em meu semblante

Não sei se foram as linhas do ocaso
Traçadas nesta órbita bendita
Escritas no poema de um parnaso

Despertadas ao som de tênue palma
Acordando do fundo de uma cripta
Apagando a solidão e a dor da alma

V
Canto de Magia

Apagando a solidão e a dor da alma
Ouvi lá longe um canto de magia
Permeado de uma infinita calma
Minha alma, pra tua alma compelia

No lirismo da canção deste amor
Ouvi o coro dos anjos que catavam
Como seda de um suave cobertor
Quando à tardinha os sinos badalavam

As nuances de uma poesia cálida
Para as almas escondidas num casulo
Dormirem ninfas pra acordar crisálida

Foi crescendo uma íntima saudade
E que me deu a certeza que eu postulo
És o meu sonho e minha realidade

VI
Minha Realidade

És o meu sonho e minha realidade
Metade inteira da minha canção
Meu orvalho da manhã qual raridade
Minha soma sem metade e fração

Teu manto, tua essência natural
Vagando nesta órbita perdida
Acendeu-me um fogo descomunal
Logrando ser de ti tua guarida

E sem se quer saber de tua vida
Sem vislumbrar a luz dos olhos teus
Amei-te por completo e sem medida

E num berço com fios de pura lã
Impactaste os pensamentos meus
Como gotas do orvalho da manhã

VII
Nova Primavera

Como gotas do orvalho da manhã
Um corisco alvejou meu coração
Povoando esperanças no amanhã
Fez meu jardim em plena floração

Ditosa graça que alma então sentira
Dissipando as brumas da solidão
Amor por excelência reluzira
No céu de minha vida esta emoção

Oh! Luz que iluminou todo meu templo
E cá me deu alegre contentamento
E nova primavera eu já contemplo

Pois, que te afirmo a mais pura verdade
E ainda neste verso eu saliento
Tu habitas a minha felicidade

VIII
Inefável Talismã

Tu habitas a minha felicidade
Verdade que testifico e sustento
Sedento corpo e alma por vontade
Saudade então se faz o meu alento

De ti não me aparto e nem afugento
Pois que nem mais dono de mim eu sou
Trago-te sempre no meu pensamento
Oh! Brisa que minha alma acalentou!

Guardei-te em cada chuva temporã
E no eclipse da vida que seguia
Tu foste meu inefável talismã

No atento olhar da estrela guardiã
Tu vais sempre estar na minha poesia
Como o perfume da flor de hortelã

IX
Ritmados Corações

Como o perfume da flor de hortelã
Há de florir no alvor das madrugadas
Toda a essência das flores da romã
Ante o olhar das estrelas espalmadas

E quando no céu o sol e a lua irmã
Eclipsados por instantes unirem-se
Aclamarão as núpcias no divã
Quando as almas em uma só fundirem-se

Desfolharão seus loucos pensamentos
No bater dos ritmados corações
E na ardência dos nossos tegumentos

Explodirão todos os sentimentos
Em fugazes e vivas emoções
Na cândida procela destes ventos

X
Dois Átomos de Amor

Na cândida procela destes ventos
Sôfregos na volúpia da paixão
Entre dois pólos ávidos, sedentos
Dois átomos de amor em convulsão

Incitam o desejo sufocado
Em ósculos ardentes, delirantes
Converte meu silêncio em novo brado
Na conjuntura louca dos amantes

És tu por quem suspiro a noite em festa
E tens minha alma totalmente entregue
Quando a saudade chega e me protesta

Sonhar-te, no momento, é o que me resta
Inda que a distância, o teu beijo negue
És o abrigo que esta vida me empresta

XI
Verso e Rima

És o abrigo que esta vida me empresta
A química que o meu desejo acende
A saudade que em mim se manifesta
Que me devasta e o pensamento prende

Oh! Amor, que faço eu nesta floresta?
Se é teu riso que eu vejo em cada flor
Se a mais leve brisa toca-me a testa
Traz-me teu cheiro e me canta teu amor

Oh! Doçura dos meus contentamentos!
Verso e rima desta minha poesia
Presente que te dou por juramentos

Que não feneçam nunca os sentimentos
Na saudade ou na distância de um dia
Contigo são meus ais doces portentos

XII
Ígneo Fogo

Contigo são meus ais doces portentos
Porque calor de vós em mim emana
Como se besuntado em ungüentos
Em frenesi minha alma se derrama

Ígneo fogo que desce feito manto
Em flocos de finíssimas gotículas
Lavas que fertilizam cada canto
Nas minhas microscópicas partículas

Engravidadas de deslumbramentos
Do amor nascido em divinal textura
Bordou-me delicados ornamentos

Naufragaste a solidão em passos lentos
E toda tua essência, oh flor candura
Desejei nos profundos pensamentos

XIII
Fogo de Inverno

Desejei nos profundos pensamentos
A luz dos olhos teus em mim pousada
A derreter a neve e os tons cinzentos
Numa aquarela alegre e matizada

Ah! Querer que minh’alma acalentava
E circulava em vendavais dispersos
Mas, confesso, penitente eu esperava
Ser a rima das linhas de teus versos

Na canção ofertada na seresta
Ser o homem da tua vida que te ama
Cada dia da vida que me resta

Ser o sol da manhã na tua destra
Ser o fogo de inverno em alta chama
A música de amor cantando orquestra

XIV
Cântico dos Ventos

A música de amor cantando orquestra
Na tarde que adormece engravidada
Era a brisa que entrava pela fresta
Da minha madrugada serenada

Pelos portões suaves da morada
Ao longe passava a luz do teu amor
Deixando olor na minh’alma invernada
No desejo do toque desta flor

Sofri, chorei, resisti os desalentos
Dos mórbidos olhares que sondavam
Não sucumbi na augura dos tormentos

Bordei a vida no cântico dos ventos
Quando ondas portentosas me cercavam
Nas horas que ecoavam meus lamentos

XV
A Coroa – Metade Inteira de Minha Canção

És tu meu grande amor predestinado
Num odre de candura que se espalma
Brindando-me um sorriso tão dourado
Apagando a solidão e a dor da alma

És o meu sonho e minha realidade
Como gotas do orvalho da manhã
Tu habitas a minha felicidade
Como o perfume da flor de hortelã

Na cândida procela destes ventos
És o abrigo que esta vida me empresta
Contigo são meus ais doces portentos

Desejei nos profundos pensamentos
A música de amor cantando orquestra
Nas horas que ecoavam meus lamentos.



 

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Ronaldo Honorio
Enviado por Ronaldo Honorio em 12/06/2008
Reeditado em 21/11/2018
Código do texto: T1031004
Classificação de conteúdo: seguro
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