SONETO PARA O RELOGIO





Nos pressagos sinais, intermitentes,
nossos relógios parecem traiçoeiros;
não nos alertam do fim, que é iminente,
em uma volta qualquer de seus ponteiros.


Seus atributos, ao tempo inerentes,
conduzem sempre ao fim, o caminheiro,
como arautos do mundo evanescente,
dobrando os sinos tristes, rotineiros.


Como espelhos da relatividade,
gradualmente apagam nossa luz,
na temível lei da ruga e da idade.


Desse relógio insano, apenas sei:
Seu tic-tac incessante me conduz,
a um soneto que nunca escreverei...