TREVA E DOR
 
Teus beijos desgraçados tornaram-se um vício
E os teus abraços, mesmo frios, me amputaram
Os membros, que em falências múltiplas tombaram
E me atiraram nesse imenso precipício.
 
E mesmo nesse mar de adagas cruciantes
Que rasgam minhas carnes e o meu sangue espalha,
A minh’alma não teme o gume da navalha
E chama por teu nome em todos os instantes.
 
És tu em minha vida a chaga que mais dói
E o osso mais cruel que a minha boca rói
Na lembrança que embala o irrequieto sono
 
Daquele que se deita na cama de dor
Usando o travesseiro frio do dissabor
E cobre-se com o manto do teu abandono!