Soneto do Amor Passado

Escutar o vento, que sorvo de vida, que bonança!

Num vai-e-vem sem fim

O carinho que me dá, dia a dia, suscita a lembrança

Do amor ingente que vivera em mim

Posto que meus olhos me fizessem triste

Com sua capa sombria, o crepitar do passado

O cheiro dela, como em rosa colhida, ainda existe

Ao azado momento de deixá-lo apagado

Sei que do vivido recordarás entre torvos ais

Este valete numa cama obscura, à noite, brilha tal constância

De querê-la além do que deveria e de, cessada a fronte d’água, desejá-la ainda mais

Derrama, ó Santo Graal, a última gota do vinho, que está lassa

Esperaste que o coração de moça acatasse o inaudível: que nesta vida tudo passa

Que seu erro foi amar demais!

Géssica Ranieri
Enviado por Géssica Ranieri em 29/06/2008
Código do texto: T1057036
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.