Obsessão

OBSESSÃO

Quem me dera ser lenho musgo ou seixo

Impassível sem dor sem dependências

Do conturbado mundo ser o eixo

Erecto sem tremor sem turbulências

Quem me dera ser astro chuva ou vento

Ignorante de amor da sua ardência

Bastar-me o céu azul como alimento

Imune a esta fome sem clemência

Fosse eu um vegetal em apatia

Insensível à dor da solidão

Que decerto o amor não buscaria...

Fosse eu despida desta obsessão

Que jamais para ele eu correria

Fosse eu oca de sangue e coração!

(1º Prémio "Soneto" - Concurso Literário do Cenáculo

Marquesa de Valverde/ano de 1999)

Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 10/04/2005
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