Um poema para Augusto dos Anjos

Ah! como eu queria ser coveiro,

Pra poder enterrar toda essa gente,

Nem precisaria de dinheiro,

Trabalharia por prazer, somente.

Abrir covas, fechar covas mansamente,

Como quem cava pra plantar um cajueiro,

Mas,essa semente, ah, essa semente,

Apodrecerá e não medrará, meu companheiro.

Para alguns parecerei umbrático,

Mas, lá no íntimo, idiossincrático,

ouço um som suave de saltérios,

Tão serenos, tão calmos, tão pulcros,

A beleza rústica dos sepulcros,

O ar nirvânico dos cemitérios.

Luiz Gonzaga Leite Fonseca
Enviado por Luiz Gonzaga Leite Fonseca em 13/02/2006
Reeditado em 18/10/2012
Código do texto: T111142
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