A cana da chã

O carro canta o seu gemido rouco,

os bois de coice seguem devagar

mas o carreiro não pode esperar,

que o engenho vai moer daqui a pouco.

O seu chicote estala, a vara fura,

e os bois se atiçam, numa pressa vã,

levando a cana que cresceu na chã,

na terra estorricada, terra dura.

Na várzea é bem mais fácil de plantar

e de colher, a água é abundante,

o eito é produtivo e é grossa a cana.

A chã, porém, é fértil e, apesar

de acidentada e do sol escaldante,

a cana é fina, mas é soberana.