O POETA É UM FINGIDOR?


Saudosos beijos, mágoas e ressábios,
urdidas penas d’alma de um poeta,
que sonha além dos sonhos que projeta,
que beija além da conjunção dos lábios.

Eterno em suas musas, nem os sábios
entendem da deidade que o completa.
De seu destino ele ultrapassa a meta
por Érato lavrada em alfarrábios.

Finge festejos, mesmo cenobita,
em pleno inverno finge primavera,
ser imortal poder, ele acredita.

O poeta releva, encobre e altera
a verdade, temente da desdita,
e dita, em seu lugar, uma quimera. 

Odir, de passagem