AMOR DE PAPEL
 
Recordo-me do beijo e a nossa vez primeira,
Dos olhares profundos que trocando outrora
Nós vimos nossas almas, tristes, indo embora
Deixando-nos a lágrima, vil, derradeira...
 
Tentamos não dizer adeus, mas era tarde!
A tua mão inerte e fria se soltara
Da minha mão que em chamas não te segurara
E ali deixara que morresse um amor covarde.
 
E se hoje ainda estamos vagando sozinhos
O medo de pisarmos outra vez em espinhos
Tornara-nos opacos e cheios de mossas...
 
Que Deus me livre de outro amor igual ao teu...
Nem tu tenhas um amor insosso feito o meu;
- E que ninguém se apegue a almas como as nossas...