Similitude

Quando insanos da selva arrebataram

o teu canto mavioso, oh, passarinho,

eu fui ver-te em inquieto torvelinho

na vil gaiola à qual te aprisionaram.

E na varanda onde eles te deixaram

para ficares sempre assim sozinho,

já sentindo saudade do teu ninho,

desesperados teus olhos choraram...

Cantaste o mesmo fel da minha vida,

padecendo os pesares e o desprezo

da existência que fora apetecida.

Somos dois iguais nesse atro penar:

tu, porque tens asas e estás bem preso,

eu, sem o amor que erguia-me a voar...

Reginaldo Costa de Albuquerque
Enviado por Reginaldo Costa de Albuquerque em 19/02/2006
Reeditado em 04/04/2010
Código do texto: T113916