Soneto das linhas

A linha em que se caminha sem saber pra onde

É a mesma em que a anda o que sabe onde pisa

Não faz diferença se mapa, bússola ou estrela-guia

Nos possíveis destinos verá o mesmo inalcansável horizonte

Toda légua percorrida e cada esforço relutante

Abusca do ilusório oásis intra-desejado

Faz com que cada qual corra por um ou por outro lado

Busca irredutível do horizonte eternamente distante

Mesmo o mais previsível caminha sem destino

caminha porque esperar é matar sede com veneno

Jamais descansará, diante de um indispistável inimigo

Sorte de quem desconhece o temor do caminho

Esse só busca a luz por que precisa da sombra

Inconsciente conspira o acaso por já saber o que está previsto