Soneto a um futuro incerto
Temerosos são os raios do meu porvir,
Pois meu presente eclipsa a aurora...
E diante do fim eu padeço agora,
Sem ninguém para meu lamento ouvir.
Glaciais são os ventos da solidão,
Que flagelam minha orvalhada face...
Que me condenam a um triste enlace
E petrificam meu doído coração...
Oh, laços mortuários que me prendem,
E ao chão me estagnam e me fendem,
Como flores cravadas numa ferida...
Minha vida é um inverno silente,
Onde o amor se faz sempre ausente
E a tristeza é velha conhecida.